Dizem por aí que extinção é para sempre, mas uma tartaruga das remotas ilhas Galápagos, sumida poucos anos depois da visita de Charles Darwin à região no século 19, talvez seja sortuda o suficiente para ganhar uma segunda chance. Pesquisadores descobriram que genes da Geochelone elephantopus ainda sobrevivem numa população híbrida, encontrada numa das ilhas. Por meio de cruzamentos cuidadosos, seria factível recuperar a pureza genética dos descendentes desses bichos, recriando, dessa forma, a espécie desaparecida
A boa notícia acaba de ser relatada à comunidade científica pela equipe de Adalgisa Caccone, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade Yale. Caccone e seus colegas tinham duas pistas "quentes" a seguir: exemplares de museu pertencentes à extinta G. elephantopus (nativa da ilha de Floreana) e os bichos reconhecidamente híbridos da ilha de Isabela, a maior das Galápagos.
Em 1835, Darwin já relatava que as tartarugas-gigantes de Floreana estavam com a população "grandemente reduzida", enquanto o capitão de seu navio, Robert Fitz-Roy, declarou: "Que destruição foi feita em meio a esses animais indefesos!". O motivo era simples: comida. Grandes e mansos, os bichos freqüentemente viravam churrasco nas mãos de marinheiros, bucaneiros e colonos das Galápagos. Segundo Darwin, alguns navios chegavam a embarcar 700 bichos - vivos: com metabolismo baixo, mesmo sem comida as tartarugas demoravam a morrer, fornecendo carne fresca aos viajantes.
Caccone e seus colegas conseguiram extrair DNA dos espécimes de museu e o compararam com as tartarugas mestiças de Isabela. Chegaram à conclusão que os bichos híbridos estão mais próximos da espécie extinta do que qualquer outra tartaruga viva hoje, o que significa, provavelmente, que esses animais são descendentes de cruzamentos das tartarugas de Floreana com as de Isabela. Os pesquisadores propõem que esses indivíduos sejam arrolados num programa de reprodução em cativeiro para resgatar o patrimônio genético das tartarugas que desapareceram.
A pesquisa está na edição desta semana da revista científica americana "PNAS".
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