Uma cessar-fogo na Faixa de Gaza foi violado poucas horas depois de ter entrado em vigor nesta sexta-feira (1º), com pelo menos 50 palestinos mortos por ataques de artilharia israelenses, segundo o Ministério da Saúde local. Israel acusou militantes de violarem a trégua mediada pelos Estados Unidos e pela ONU ao dispararem foguetes e projéteis de morteiros contra o seu território.
"Mais de 50 foram mortos e 222, feridos em Rafah", disse um diretor do ministério em Gaza, Medhat Abbas.
Segundo um porta-voz das Forças Armadas de Israel, dois soldados foram mortos e um capturado por militantes palestinos durante o confronto em Rafah, no sul da Faixa de Gaza nesta sexta-feira.
"Forças (israelenses) em operação para desativar um túnel foram atacadas. As indicações iniciais são de que um soldado foi sequestrado por terroristas durante a operação", disse o tenente-coronel Peter Lerner em uma teleconferência com jornalistas.
A trégua, que deveria durar 72 horas, anunciada pelo secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi a tentativa mais ambiciosa até agora de encerrar mais de três semanas de combate, e se seguiu a uma crescente pressão internacional por causa do grande número de palestinos mortos.
Depois do cessar-fogo estavam previstas negociações entre negociadores israelenses e palestinos no Cairo para uma solução de longo prazo.
Autoridades egípcias disseram que o convite ainda está de pé, mas alguns representantes palestinos pediram adiamento até sábado ou domingo para permitir um acordo sobre uma nova trégua.
Os militares israelenses disseram que, passados 90 minutos da entrada da trégua em vigor - enquanto famílias palestinas que fugiram de bairros transformados em campos de batalha começavam a caminhar para casa -, militantes atacaram soldados que rastreavam a região em busca de túneis no sul da Faixa de Gaza.
"De um ponto de acesso do túnel ou vários pontos, terroristas saíram da terra. Pelo menos um era um terrorista suicida, que se explodiu. Houve uma troca de tiros", disse o tenente-coronel Peter Lerner, porta-voz militar. Dois soldados israelenses foram mortos.
"A indicação inicial sugere que um soldado foi sequestrado por terroristas durante o incidente", declarou ele em uma entrevista por telefone com jornalistas.
Ao lhe perguntarem se o cessar-fogo acabou, Lerner respondeu: "Sim, nós estamos continuando nossas atividades no terreno.". Ele disse que as forças israelenses estavam montando um "amplo esforço" para localizar o soldado".
Ofensiva
Israel lançou sua ofensiva em Gaza, enclave dominado pelo Hamas, em 8 de julho, realizando bombardeios em resposta a um surto de ataques contra seu território. Tanques e infantaria invadiram o enclave palestino, de 1,8 milhão de pessoas, em 17 de julho.
Autoridades de Gaza dizem que pelo menos 1.509 palestinos, a maioria civis, foram mortos e 7 mil ficaram feridos. Do lado de Israel, 63 soldados perderam a vida e mais de 400 se feriram. Três civis morreram devido a foguetes disparados por palestinos contra Israel.
Algumas horas após a trégua ter entrado em efeito, tanques e artilharia israelense abriram fogo no sul da área de Rafah, e um hospital local disse que 40 pessoas foram mortas - número que se elevou para 50, segundo o Ministério da Saúde.
Oito foguetes e projéteis de morteiros foram disparados de Gaza para Israel, segundo os militares, acrescentando que um foi interceptado por seu sistema antimisseis e sete caíram em áreas abertas.
Após o cessar-fogo ter começo nesta sexta-feira, as ruas de Gaza começaram a se encher de famílias palestinas. Com seus pertences, elas voltavam para as casas que deixaram durante os intensos combates que destruíram ou danificaram milhares de prédios.
"Estamos voltando para Beit Lahiya (norte da Faixa de Gaza)", disse Asharaf Zayed, de 38 anos e que tem quatro filhos. "Esperamos que a trégua seja permanente e não tenhamos que voltar para um abrigo da ONU."
Em meio a um forte apoio em Israel para a campanha em Gaza, Netanyahu enfrentou intensa pressão internacional para conter suas forças militares.
O clamor internacional para o fim na violência se intensificou após o ataque de artilharia, na quarta-feira, que matou 15 pessoas abrigadas em uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabalya, em Gaza.
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