Manifestação contra Muamar Kadafi, em Tobruk, na Líbia| Foto: REUTERS/Suhaib Salem

Aviões e helicópteros do governo líbio bombardearam e metralharam nesta terça-feira (15) uma cidade controlada por rebeldes, enquanto a França admitiu que ainda não conseguiu convencer outras potências mundiais a impor uma zona de exclusão aérea no país africano.

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Os insurgentes, que têm apenas armas leves, lutam para conter o avanço implacável das tropas rumo ao leste da Líbia, principal reduto da revolta iniciada no mês passado contra o regime de Muamar Kadafi, há 41 anos no poder.

Segundo testemunhas, jatos bombardearam a entrada oeste de Ajdabiyah, última cidade antes de Benghazi, a "capital" dos rebeldes, e um helicóptero fez disparos contra a cidade, que se encontra em um estratégico entroncamento rodoviário.

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A tática do governo durante a sua contraofensiva tem seguido um padrão. Depois dos bombardeios aéreos vem uma chuva de artilharia, e depois uma ofensiva terrestre com blindados. Isso sugere que a entrada das forças de Gaddafi em Ajdabiyah é iminente.

Enquanto isso, intensos combates foram registrados pelo terceiro dia consecutivo na cidade de Brega, importante porto petrolífero a sudoeste de Ajdabiyah, segundo os rebeldes.

Num prenúncio da violência e do caos urbano que poderiam ocorrer em Benghazi, que tem 670 mil habitantes, Brega, com apenas 4.300 moradores, já mudou de mãos várias vezes. Atualmente, os rebeldes tentam fazer ações de guerrilha na retaguarda, em meio aos escombros.

"Em Brega, ainda há avanços e recuos, não estamos no controle e eles tampouco", disse o combatente rebelde Hussein al-Wami.

Diplomacia

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Reunidos em Paris pelo segundo dia consecutivo, ministros de Relações Exteriores do G8 (grupo de países mais industrializados do mundo) continuam na terça-feira distantes de um consenso sobre a pertinência de pressionar o Conselho de Segurança da ONU a impor uma zona de exclusão aérea que impeça Gaddafi de bombardear rebeldes e civis.

"Até agora eu não os convenci", disse o chanceler francês, Alain Juppé, à rádio local Europe 1.

Juppé disse que Gaddafi está se aproveitando da hesitação da comunidade internacional. "Se tivéssemos usado a força militar na semana passada... talvez o revés às forças da oposição não tivesse acontecido", afirmou.

A França, junto com a Grã-Bretanha, tem liderado os esforços pela imposição da zona de exclusão aérea. O presidente Nicolas Sarkozy está empenhado em mostrar liderança, numa tentativa de restaurar a imagem da política externa francesa, enfraquecida por erros cometidos durante o levante que depôs o governo da Tunísia em janeiro.

Gaddafi minimizou a ameaça da zona de exclusão aérea, e fez ataques ao governo francês.

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"Vamos lutar e vencer. Uma situação desse tipo só serve para unir o povo líbio", disse ele ao jornal italiano Il Giornale. Sarkozy, na opinião do líder líbio, tem "um transtorno mental".