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| Foto: ADEM ALTAN/AFP

Em uma onda de repressão, a Turquia afirmou nesta quarta-feira que fechará mais de 600 escolas privadas e dormitórios. Além disso, o presidente Recep Tayyip Erdogan que decretará três meses de Estado de Emergência.

As medidas do governo vêm elevando as tensões no país que sofreu uma tentativa de golpe militar na sexta-feira, desencadeando uma madrugada de confrontos com 290 mortos.

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Segundo Erdogan, pode haver mais planos de dissidentes no sentido de tentar tomar o governo novamente. O Estado de Emergência, de acordo com ele, permitirá dar “passos mais eficientes no intuito de remover essa ameaça o mais rápido possível, que é uma ameaça à democracia, às leis e aos direitos de liberdade dos cidadãos no nosso país”.

Ele ainda comentou que as forças armadas continuam sob controle do governo e que “todos os vírus” existentes nelas serão limpos.

Antes de encerrar seu pronunciamento, o presidente da Turquia expressou sua gratidão aos cidadãos que foram às ruas em demonstração de apoio ao governo.

Fechamento de escolas

O expurgo a vários setores da sociedade já atingiu cerca de 60 mil militares, policiais, juízes, funcionários públicos e professores — que estão suspensos, detidos ou sob investigação.

Imprensa

Com o governo cada vez mais acusado de conduta autoritária, as credenciais de 34 jornalistas foram retiradas por suposta ligação com o movimento Gulen.

A revista satírica “Leman” disse que a distribuição de sua edição especial foi impedida. Na capa, duas mãos traçavam um jogo de estratégia: uma empurrava soldados no tabuleiro; a outra respondia enviando civis.

Segundo o ministro da Educação da Turquia, as 626 escolas privadas e outros estabelecimentos fechados estão sob investigação por crimes contra a ordem constitucional. A agência estatal de notícias Anadolu afirma que estas instituições de ensino são ligadas ao clérigo Fethullah Gulen, a quem o governo responsabiliza pelo golpe fracassado.

Também nesta quarta-feira, mais 6.500 funcionários do Ministério da Educação foram suspensos, um dia depois de a pasta afastar 15.200 pessoas e também revogar as licenças de 21 mil professores que trabalham em instituições privadas em toda a Turquia. As viagens de acadêmicos ao exterior também foram suspensas.

O governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acredita que os apoiadores de Gulen comandam uma rede mundial de escolas e tentam se infiltrar no sistema de educação turco para influenciar na política do país. O movimento do clérigo, que prega pela moderação e pela harmonia entre religiões, afirma ser um bode expiatório para a conduta autocrática do presidente. Desde a tentativa de golpe, a Turquia pede aos EUA a extradição de Gulen.

Segundo funcionários do governo turco, 99 generais dos cerca de 360 generais do país já foram acusados formalmente pela rebelião. Outros 14 generais permanecem detidos na sequência da rebelião.

Enquanto Erdogan procura consolidar o poder do seu governo democraticamente eleito após o golpe fracassado, suas medidas de repressão poderiam polarizar ainda mais um país que já manteve uma relativa estabilidade em uma região turbulenta. Além disso, o cenário turco levanta questionamento sobre a efetividade das instituições judiciárias e militares do país, que atualmente são os maiores alvos do expurgo do governo.

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