Líderes da União Européia aceitaram nesta sexta-feira um pacote com medidas compulsórias para uma política comum de energia e combate ao aquecimento global, disse a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, desafiando o mundo a seguir o exemplo. Segundo Merkel, que presidiu a cúpula de dois dias, as decisões tomadas pelo bloco de 27 países são "ambiciosas e críveis'', apesar de envolverem uma polêmica meta compulsória para o uso de energias renováveis.
Quase que como uma resposta à líder alemã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em visita oficial à cidade de São Paulo, no Brasil, disse nesta manhã estar "muito otimista com o uso das fontes alternativas de energia" . Após conhecer um dos terminais da Transpetro, em companhia do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, Bush afirmou acreditar que os dois países podem liderar o processo mundial de produção de biocombustíveis.
Esta semana, Merkel e o ex-vice-presidente americano, Al Gore, fizeram um apelo para que a UE assuma papel de liderança no combate ao efeito estufa .
- Pessoalmente estou muito satisfeita e feliz de que tenha sido possível abrir a porta para toda uma nova dimensão da cooperação européia nos próximos anos na área de energia e combate à mudança climática - disse ela na entrevista coletiva de encerramento. - Podemos evitar o que bem poderia virar uma calamidade humana - acrescentou.
O acordo estabelece metas para a redução das emissões de gases do efeito estufa, para o desenvolvimento de fontes renováveis de energia, para a promoção da eficiência energética e para o uso de biocombustíveis.
As metas para a Europa como um todo são modestas, enquanto as metas nacionais serão definidas com o consentimento de cada país.
- Podemos dizer ao resto do mundo que a Europa está assumindo a liderança. Vocês devem se juntar a nós na luta contra a mudança climática - disse o presidente da Comissão Européia (Poder Executivo do bloco), José Manuel Durão Barroso.
Fontes renováveis
Os líderes aceitaram a meta de que até 2020 pelo menos 20% da energia consumida na UE venha de fontes renováveis. Em troca, haverá flexibilidade sobre a contribuição de cada país à meta geral.
A Alemanha fez alterações no texto, com menções às peculiaridades das matrizes energéticas nacionais, a fim de conquistar países que dependem da energia nuclear, como a França, ou do carvão, como a Polônia, além de pequenos países com poucos recursos energéticos, tais quais Chipre e Malta.
Na quinta-feira, os 27 líderes haviam se comprometido com uma meta de 20% na redução das emissões de gases do efeito estufa, e ofereceram chegar a 30 por cento até 2020 caso países grandes, como EUA, Rússia, China e Índia, sigam o exemplo.
Barroso disse que o acordo foi "o pacote mais ambicioso já definido por qualquer comissão ou grupo de países a respeito de segurança energética e proteção climática''.
A declaração também estabelece uma meta mínima de 10% no uso de biocombustíveis nos transportes, num modo economicamente eficiente a ser implantado até 2020.
Os combustíveis renováveis representam menos de 7% da matriz energética da UE, e o bloco está aquém das suas metas já existentes para o corte nas emissões de carbono na atmosfera.
Na busca por um equilíbrio entre países que usam a energia nuclear e os que não usam, foi acrescentado ao texto um trecho sobre a contribuição da energia nuclear para "atender à crescente preocupação com a segurança do fornecimento de energia e a redução das emissões de CO2, ao mesmo tempo em que se garante que a segurança nuclear é essencial no processo decisório''.