O Vaticano sugeriu na terça-feira haver uma campanha contra a Igreja por trás dos atuais escândalos sobre abuso sexual infantil por parte do clero na Europa.
Novas acusações agora surgiram na Áustria, somando-se a centenas de casos na Alemanha e na Holanda, o que levou o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, número 2 na hierarquia vaticana, a admitir que "houve uma redução na fé em todas as instituições, inclusive a Igreja".
"A Igreja ainda desfruta de grande confiança por parte dos fiéis, só que alguém está tentando abalar isso", afirmou, sem citar diretamente os escândalos. "Mas a Igreja tem uma ajuda especial, de cima".
Nas últimas semanas, prelados importantes têm argumentado que casos de pedofilia ocorrem também nas instituições seculares, e que a mídia está exagerando o problema da Igreja.
Na Áustria, a imprensa noticiou na terça-feira que um crescente número de fiéis tem deixado a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia que chocam o país. Novas acusações surgiram na província do Tirol, onde cinco clérigos foram suspensos de um monastério que está no centro de um caso existente. Um jornal publicou um pedido de desculpas de um dos homens a seus ex-pupilos, dizendo: "Nunca quis ser um sádico."
Na Alemanha, onde já apareceram mais de 200 denúncias de abusos em instituições católicas, o escândalo envolve o próprio papa Bento XVI, que era arcebispo de Munique na época em que um padre pedófilo foi transferido de Essen (norte) para a sua diocese e, sem o conhecimento dele, foi colocado para trabalhar com crianças, situação em que abusou de mais uma menina.
O Vaticano negou no sábado que ele tenha tentado acobertar abusos, mas muitos alemães criticaram o pontífice por não se pronunciar prontamente na sexta-feira depois de receber o chefe da Igreja Católica alemã, Robert Zollitsch, para discutir o tema.
Fiéis irlandeses já haviam feito uma queixa semelhante no passado, e o papa deve em breve divulgar uma carta pastoral ao povo irlandês falando sobre os abusos sexuais cometidos pelo clero no país, os quais, segundo um recente relatório do governo, foram acobertados pelas autoridades eclesiásticas ao longo de 30 anos.
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