Um vídeo feito pela polícia argentina no apartamento do promotor Alberto Nisman, morto em janeiro, levantou suspeitas sobre a adulteração de provas no local. A gravação, divulgada pela televisão argentina na noite de domingo, mostra um perito manipulando sem cuidados a arma que causou a morte de Nisman.
As imagens mostram um agente com luvas retirando parte do sangue presente na arma com um dos dedos para ler a identificação. Em outro plano é possível ver o carregador recém extraído, sem sangue. Pouco depois, o perito, com as luvas ensanguentadas, pega o objeto para extrair as balas ainda restantes. Na sequência, o agente usa papel higiênico para limpar a parte da arma onde estava a identificação.
A promotora encarregada da investigação, Viviana Fein, defendeu a ação. “Ele não limpou a arma toda com papel higiênico. A polícia usou simplesmente onde sabia que podia encontrar o calibre e o número de série”, afirmou.
O vice-presidente da Associação de Peritos e Médicos Legistas da Argentina, Ernesto Duronto, disse que a limpeza foi semelhante à feita por um matador de aluguel. “Assim se apaga tudo, não só o sangue, mas também as impressões digitais. Não há como duvidar do que foi feito na cena do crime”, disse Duronto.
Já a advogada criminalista Marta Nercellas avaliou que o trabalho de perícia foi feito com “muito pouca seriedade”. Segundo ela, as autoridades ficaram sem provas porque as fizeram desaparecer.
Nisman morreu dias após denunciar a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, por encobrir a participação de iranianos no ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994.