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O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, procura neste sábado (25) na Nicarágua rotas para entrar em seu país com o objetivo de retomar o poder, enquanto o governo alerta que se ele voltar à nação será detido imediatamente.

Zelaya, destituído em golpe de militares ocorrido em 28 de junho, desafiou na sexta-feira o governo do presidente Roberto Micheletti ao cruzar alguns metros dentro da militarizada fronteira em Las Manos, voltando em seguida à Nicarágua.

Com um chapéu de vaqueiro, Zelaya chegou em um jipe branco à fronteira como parte de sua campanha para voltar ao poder, algo que poderia desatar uma nova onda de violência em um dos países mais pobres da América Latina.

"Podemos entrar pela fronteira que temos com El Salvador ou pela Guatemala. Em todos os lados estamos organizados", disse Zelaya à Rádio Globo. "Ou podemos aterrissar diretamente em San Pedro Sula. Tenho helicópteros prontos, tenho aviões prontos, tenho o povo que me acompanha", acrescentou.

Zelaya e um grupo de simpatizantes caminharam alguns metros para dentro do território hondurenho, até um cartaz que dizia "Bem-vindos a Honduras", onde ele pediu para falar com altos comandos militares para tentar ingressar em definitivo ao país. Soldados equipados com escudos e capacetes formaram um cordão para impedir sua passagem.

"O ato do senhor Zelaya foi irresponsável, não meditado e de muito pouca seriedade", afirmou Micheletti na sexta-feira à noite.

Em El Paraíso, cerca de 15 quilômetros dentro do território hondurenho, centenas de simpatizantes de Zelaya enfrentaram militares e policiais, que lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los. Uma testemunha da Reuters viu um policial ferido na cabeça por uma pedrada e escutou disparos.

ORDEM DE CAPTURA

Zelaya, um empresário liberal que na metade do seu mandato virou-se para a esquerda e se aliou ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, irritando empresários e seu próprio partido, foi expulso até a Costa Rica por um grupo de militares.

A Justiça hondurenha o acusa de violar a Constituição, pois ele buscava um referendo para ampliar o mandato presidencial.

"Há esta ordem de captura. Não uma, mas várias ordens de captura contra ele e vários de seus funcionários", afirmou Micheletti à rede de televisão CNN em espanhol.

Muitos em Honduras temem que sua volta cause uma onda de violência. Um jovem morreu em 5 de julho quando soldados abriram fogo contra os manifestantes que esperavam Zelaya no aeroporto de Tegucigalpa em sua primeira tentativa de voltar ao país.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse a jornalistas na sexta-feira: "Temos exortado sistematicamente a todas as partes a evitarem qualquer ação provocativa que possa incitar a violência. O esforço do presidente Zelaya para chegar à fronteira é temerário."

Zelaya partiu para a fronteira depois de dar por esgotadas as conversas de ambas as partes na Costa Rica e ver a resistência dos EUA, que apoiam sua restituição, mas apostam em uma solução negociada.

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