As chances de um novo diálogo para encerrar a crise em Honduras cresceram nesta terça-feira depois que o presidente deposto, Manuel Zelaya, nomeou delegados para uma eventual negociação com o governo de facto.
O encontro será mediado por uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que chega na quarta-feira ao país, liderada pelo secretário-geral, José Miguel Insulza, quem tem o desafio de conciliar as posições entre o presidente de facto, Roberto Micheletti, e Zelaya.
Em uma mostra de abertura, apesar de seu declarado ceticismo em relação a uma negociação com o governo de facto, o líder deposto nomeou oito delegados para participar de um futuro diálogo.
Mas ele disse que participará de uma negociação apenas se a reunião fosse na embaixada brasileira, onde permanece abrigado.
"Primeiro devem vir à embaixada para falar com o presidente porque ele nem sequer os viu, e depois fariam o diálogo", explicou Rasel Tomé, assessor de Zelaya que o acompanha na sede diplomática desde que se abrigou no local há duas semanas.
Os delegados de Zelaya são ex-ministros e dirigentes sindicais que organizaram a resistência contra Micheletti.
Espera-se que o governo de facto anuncie oficialmente nas próximas horas a instauração de uma mesa de negociações. John Biehl, assessor de Insulza, disse que a ideia é que na quarta-feira aconteça um primeiro encontro entre as partes.
A OEA condena a deposição de Zelaya, em 28 de junho, sob acusações de violar a Constituição para tentar abrir caminho para sua reeleição presidencial. Após o golpe, Micheletti assumiu a Presidência de facto.
Enquanto a OEA tentava entrar em acordo com ambas as partes do conflito para um diálogo, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu que a essência do conflito é Micheletti.
"Para nós, a solução da crise seria simples se o golpista saísse do poder, deixasse o presidente legítimo", disse Lula em Estocolmo, onde faz visita oficial.
"Só há uma coisa errada em Honduras, que está na Presidência quem não deveria estar (...) se ele (Micheletti) sai e permite que o presidente assuma e convoque novas eleições, todo mundo (...) vai mandar os embaixadores para lá outra vez", acrescentou.
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