A disparada do dólar e a volta preocupante da inflação, entre inúmeros outros fatores que despontam no campo político-econômico, aprofundando a crise institucional brasileira, servem de estímulo para o posicionamento de setores expressivos da sociedade, além de clamar pela eliminação da corrupção, punição de corruptores e corruptos e mudanças urgentes na gestão pública.

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Milhares de brasileiros voltaram às ruas no domingo, dia 12. Há um enorme descontentamento com a situação que o país vive, causada por graves erros na condução da economia e por um projeto de aparelhamento do Estado altamente nocivo às instituições brasileiras.

A Associação Comercial do Paraná solidariza-se com todos aqueles que, dentro da lei e da ordem, exigem mudanças. Como representante de importante segmento do setor produtivo, a ACP entende que o país não pode mais esperar.

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Motivos não faltam para o crescente desânimo da sociedade, cujo protagonismo cívico é uma prova cristalina da democracia direta quando praticada em conformidade com os princípios do Estado de Direito.

É impossível ocultar a evidência de que a economia brasileira, que em 2014 teve fraquíssimo desempenho, viu-se prejudicada pela diminuição do ritmo de crescimento da economia chinesa, que por muitos anos demandou gigantescas quantidades de commodities felizmente produzidas em abundância no Brasil.

Hoje estão claros os erros crassos do modelo de gestão implantado no país nos últimos anos

Aquele exponencial ingresso de divisas contribuiu em grande medida para intensificar o processo de inclusão de milhões de famílias no mercado de consumo. Mas políticas demagógicas e populistas impediram que o Brasil aproveitasse o boom do crescimento mundial. Não foram feitos os necessários investimentos em infraestrutura e adiaram-se reformas há muito necessárias para modernizar as relações trabalhistas e reduzir a sufocante carga de impostos.

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Na verdade, hoje estão claros os erros crassos do modelo de gestão implantado no país nos últimos anos. Uma lacuna que salta aos olhos é o adiamento de investimentos tidos como prioritários há uma década, como a construção ou reforma de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias.

Um dos exemplos da incúria administrativa, flagelo que atinge todos os níveis de governo, é a ferrovia Norte-Sul, projetada no governo Sarney e da qual se dizia pejorativamente que “ligaria o nada a lugar nenhum” – até hoje não concluída.

Há também uma infinidade de obras em atraso ou inacabadas, incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o governo usou meramente como argumento eleitoral. No mesmo período, além de realizar investimentos em Cuba e na Venezuela, e de ser esbulhado na encampação de ativos da Petrobras na Bolívia, perdoou dívidas contraídas por países africanos, dinheiro este que poderia ter sido usado em saúde, educação e segurança.

Mais que nunca o governo precisa assumir posturas adequadas para recuperar a confiança da sociedade, redimindo-se da desastrosa atuação que afetou toda uma geração. O momento é propício para uma ampla discussão nacional e para as tão sonhadas mudanças de que o Brasil necessita. Que os nossos governantes façam a sua parte. Já passou da hora de se corrigir os erros.

Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.