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Acompanho com algum interesse a crise aberta dentro do governo a respeito da Lei da Anistia. As posições estão definidas, o único indefinido até agora é o presidente da República. Nos tempos do velho PT, embora com poder decisório, ele mantinha suas hesitações para ganhar tempo e manter o partido em rédeas curtas.

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Desta vez, não se trata de um partido cuja hegemonia precisa ser mantida. É mais do que um Estado: é uma nação.

Um ponto parece pacífico: o Estado, para o bem da nação, precisa abrir os porões do regime militar de 1964 a 1985. Não se trata de punir indivíduos, de saber a identidade e o CPF dos assassinos de Vladimir Herzog e de tantos outros, os que montaram a farsa de seu suicídio e de centenas de outros que estão desaparecidos ou oficialmente mortos.

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Os militares que deram o golpe e mantiveram a ditadura são os principais responsáveis pelo que se convencionou chamar de "regime de exceção". Foram eles que tomaram o Estado por meio da força e mantiveram a nação refém do arbítrio e da repressão. Precisamos saber como uma classe, destinada pela Consti­tuição a defender a nação, decide empolgar o Estado e fazer dele o carrasco da sociedade.

Que venha a verdade, que ela seja ensinada nos currículos das escolas militares, mostrando que nem sempre o Estado é o defensor da nação, mas seu servo incondicional.

Vivemos um tempo em que se tornou banal o pedido de desculpas públicas. A igreja o fez, a propósito da Inquisição e de Galileu. Agora mesmo o governador do DF pediu desculpas pelo seu delito pessoal. A melhor forma de os militares pedirem perdão à sociedade é admitir os erros do passado e garantirem que a distorção profissional não mais se repetirá.