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Acredito que não estou em erro: dos 37 ministros do atual governo, a maioria dos brasileiros (e brasileiras) não sabe o nome e os atributos de uns 30 novos titulares das principais pastas. Em princípio, isso não quer dizer nada. Presume-se que Dilma os conheça bem e neles confie.

Contudo, a primeira impressão não foi boa nem promissora. Há divergências complicadas sobre vários pontos importantes. Não chega a ser um racha, mas é um sintoma inquietante. Sabemos que alguns dos ministros não ficaram satisfeitos com os cargos que ocupam. Alguns confessaram que não tinham nenhuma afinidade com os desafios que terão de enfrentar. Foi feito o que a política pedia.

Pelo que se nota, o jeito de governar da nova presidente promete ser bem diferente do de seu antecessor. É mais uma gerente, capaz de administrar em surdina todo o aparelho do Estado, e tem nesse particular um auxiliar como Antonio Palocci. Formando um núcleo confiável, sintonizado com seus propósitos e solidário com suas promessas, ela poderá tocar o barco para a frente.

Ao contrário de Lula, que lembrava dom Hélder Câmara, dando palpite sobre qualquer assunto ou coisa, Dilma prefere trabalhar com discrição, mas tenacidade. Tem consciência do peso que recai sobre ela. Até onde será capaz de levar o seu barco ao porto que pretende é questão em aberto. Navegar é preciso, mas nem sempre se chega ao porto desejado. Os mares deste mundo estão cheios de náufragos do outro mundo.

E, na verdade, entramos numa espécie de outro mundo. Houve uma tragédia no Arizona, um minuto de silêncio pelos mortos, Dilma ficou quieta em Brasília. Lula teria corrido para lá, foto ao lado de Obama, mas não em silêncio. "O estilo é o homem" – a frase é de não sei quem. Mas nesses tempos que condenam o machismo, o estilo também serve para a mulher.

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