Depois da missão que cumpriram, os apóstolos se reúnem ao redor de Jesus, contam-lhe o que fizeram e ensinaram, e Ele os convida a passar algumas horas em sua companhia, à parte, em algum lugar isolado, longe da multidão. Sobe então com os discípulos no barco e se afasta no lago. Os apóstolos que se reúnem junto com o Mestre e avaliam junto com Ele o que fizeram, representam a comunidade que se mantém em permanente contato com o seu Senhor. Um operário não pode começar o seu trabalho sem antes se informar muito bem com o patrão sobre o que ele deve fazer. E depois de ter feito o que lhe foi determinado deve apresentar-se novamente ao patrão para permitir que este avalie como a tarefa foi cumprida.

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Qual é o perigo que deve ser evitado? – É o de que se façam planos, se elaborem programas e se tomem decisões sem que se tenha permanente cotejo com a palavra do Mestre. Acontece também em nossos dias: os discípulos de Cristo tomam iniciativas, se envolvem em muitas atividades, desempenham uma variedade muito grande de tarefas, mas, às vezes, faz tudo isto seguindo os próprios impulsos, as próprias ideias e se esquecem de entrar em sintonia com a própria comunidade e, sobretudo com a palavra do evangelho. E, deste modo, frequentemente acabam por responder às necessidades e exigências seguindo exclusivamente o que é sugerido pela lógica e pela prudência humana. Isto acontece porque não se aprende a manter a calma, a paciência e a coragem de parar um pouco para meditar, para rezar e para avaliar o que se planeja fazer e o que foi feito.

Os ocupantes do barco representam a comunidade que dedicou um bom tempo para refletir sobre si mesma e conferir suas atitudes, antes de voltar no meio dos homens. Esta comunidade, portadora de uma esperança e de salvação, é aguardada com impaciência pelas multidões. Jesus sente compaixão dessa multidão, porque, estão desgarradas como ovelhas sem pastor. Retomando a imagem do pastor, o evangelista Marcos aponta Jesus como guia enviado por Deus. Seguindo-o os homens não continuariam errantes à procura de um alimento que não sacia e de uma água que não satisfaz a sede. Diante da multidão desorientada, Jesus sente uma profunda compaixão. Em Israel há muitos pastores: os escribas, os fariseus, os chefes políticos, mas eles não têm palavras de vida, palavras de esperança.

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Temos nós os mesmos sentimentos que Jesus teve em relação aos homens de nosso tempo? Identificamo-nos com os seus dramas, com os seus sofrimentos, com suas angústias, com os seus problemas, com as suas falhas? Frequentemente, talvez, nos iludimos de poder tranquilizar as nossas consciências porque ficamos indignados contra "pastores" indignos que negligenciam, exploram e oprimem, mas não passamos disso. Talvez nos limitamos a condenar os que erram, a ofender os que demoram para se adaptar às nossas ideias. O Mestre não age assim, não profere palavras agressivas, mas senta-se ao nosso lado e dialoga, entende os problemas e as situações do povo e começa a instruí-lo com perseverança e com a paciência de Deus.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.