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Dom Moacyr José Vitti

Mês vocacional, ano sacerdotal

Entramos no mês de agosto, mês vocacional dentro do Ano Sacerdotal instituído pelo Papa Bento XVI, comemorando os 150 anos do aniversário do nascimento de São João Maria Vianney, o santo patrono de todos os sacerdotes. Os ensinamentos e exemplos deste santo podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo:

"Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos de misericórdia divina". Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana. "Oh como é grande o padre! Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria... Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia". E ao explicar aos seus fiéis a importância dos Sacramentos, dizia: "Sem o Sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso da vida? O sacerdote. Quem a alimenta para dar força de realizar sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote. Sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer pelo pecado, quem a ressuscitará? Quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote.

Depois de Deus, o sacerdote é tudo. "Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu". Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: "Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. Sem o padre, a morte e paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra. Que aproveita termos uma casa cheia de ouro, senão houver alguém para abrir a porta? O padre possui as chaves dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens. Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. O padre não é padre para si mesmo, é para vós". O Santo Cura d’Ars ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho de vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia. Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão adquiria uma eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício Missa. Todos nós sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente as palavras que ele colocava na boca de Cristo:

"Encarregarei meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a misericórdia é infinita. No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor. Deus Caritas Est (1Jo4,8). Com a Palavra e os Sacramentos do Senhor Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que freqüentemente convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas. Procurava aderir totalmente à própria vocação e missão por meio de uma grande ascese.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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