O tempo é a menina dos olhos do cronista. Menina dos olhos (em latim, puppilam oculi) porque está no centro da visão do autor, constituindo a substância de que se fazem estas linhas. Chronos, cronikós, crônica: as palavras não mentem quando observamos as suas origens.
Lembro-me do primeiro dia em que escrevi para um jornal do Grupo Paranaense de Comunicação. Era 4 de janeiro de 2004. Eu estava com 33 anos, a idade de Cristo, e tinha o coração cheio de sonhos e planos. Ao longo destes 12 anos, que se completam nesta segunda-feira, fico feliz em saber que realizei muitos deles e ainda poderei realizar muitos outros. Uma das minhas maiores alegrias, neste período, foi conversar com você, leitor.
O tempo dos calendários não tem um valor absoluto, pois deriva do tempo divino – que já não é tempo, é eternidade
O tempo não é uma dimensão linear. Assume diversos aspectos: há o tempo cronológico, o psicológico, o astronômico, o civil, o fiscal, o musical, o poético, o espiritual e o litúrgico. Existe até o tempo jornalístico, que se vê no cabeçalho das edições e no verbo presente das matérias. A crônica atende à sua finalidade quando unifica o tempo do autor e o tempo do leitor. Se eu conseguir fazer isso de vez em quando, está ótimo!
“Tempo passado e tempo presente, ambos talvez contidos no tempo futuro”, diz o poeta T. S. Eliot nos célebres Quatro Quartetos. Eliot morreu há exatos 50 anos, em 4 de janeiro de 1965. Mais uma coincidência – ou será um sinal? – trazida pelo dia de hoje. Eliot, não por acaso, é o meu poeta preferido.
Pessoalmente acredito que o tempo dos calendários não tem um valor absoluto, pois deriva do tempo divino – que já não é tempo, é eternidade. Nos últimos dias, em torno do Natal, quando demos as boas-vindas ao Menino Jesus, vivi alguns adeuses que me tocaram profundamente: meu tio-avô Vicente Costa, filho mais novo do Pai Costa; o querido porteiro Claudinei Ferreira; e o jovem Leonardo Paganucci Semprebom, pai de um menino pequeno, cunhado de um dileto amigo.
Meu pai e minha mãe também morreram perto do Natal, por isso eu conheço a dor que os entes queridos de Vicente, Claudinei e Leonardo estão sentindo agora. Mas devo dizer que, surpreendentemente, o Natal e o ano-novo não se tornaram datas mais tristes. Durante as festas de fim de ano, eu sinto que as pessoas amadas estão mais próximas do que nunca.
Muitos não se lembram de que o dia 1.º de janeiro também é o dia de Maria Santíssima, a Mãe de Deus. Um dia de preceito. Uma data perfeita para homenagear Nossa Senhora, visto que ela perpetuamente oferece Jesus ao mundo, tornando-se a base para todos os nossos sonhos e projetos do ano nascente.
Mesmo nos tempos sombrios em que me afastei de Deus, eu sei que alguém rezava continuamente a Ave-Maria pela minha conversão, pelo meu reencontro com o Pai criador, o Filho redentor e o Espírito santificador. Portanto, que razão tenho eu para chorar de tristeza?
Hoje é tempo de dar adeus a todas as angústias e reveses do ano que passou e receber, com um abraço fraternal, a primeira segunda-feira de um novo ciclo que se inicia. Todo dia é dia de agradecer – mas hoje é um pouco mais.
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