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Na segunda-feira um aluno me perguntou se eu acredito que a falta de recursos naturais levará a um colapso. Entre ouvir e responder, pensei nos muitos processos ecológicos que já não funcionam mais e como já vivemos o colapso em tantas dimensões de nossas vidas. No entanto, não levei a resposta para este lado porque imaginei que o aluno não se referia ao colapso cotidiano de quem tem olhos para ver, mas ao colapso cinematográfico de filmes como Planeta dos Macacos, Eu sou a lenda ou O Livro de Eli. A consequência de fazer referências frequentes a filmes é que os alunos as fazem também...

Na semana passada, com o furacão Sandy, tivemos mais uma amostra de como tem sido o colapso. O futuro será mais do mesmo.

O jornalista João Charleaux, na Folha de S.Paulo de domingo (veja link no blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com.br), lembrou-me de que ninguém falou de Sandy até ele ameaçar os EUA, mesmo tendo matado 69 pessoas na América Central e no Caribe. Este mundo não é um lugar justo e, igualmente, os colapsos que as pessoas experimentam também não são iguais.

Se você não tem água corrente em casa, as coisas vão ficar cada vez mais complicadas para você porque, além de haver cada vez menos água limpa, as doenças, o trabalho e o custo para conseguir água serão cada vez maiores. Muitos recursos naturais vão ficando cada vez mais caros até desaparecerem ou serem substituídos.

Não há conversa sobre recursos naturais sem mencionar quem são seus donos. O ar talvez seja o único recurso natural que ainda não é de ninguém, e talvez por isso esteja tão cheio de carbono. Os 20% mais ricos do planeta são donos de 82% de toda a riqueza, recursos naturais incluídos. Há também ilhas de riqueza dentro de outras ilhas – os 1% mais ricos são donos de 40% de toda a riqueza, deixando para os outros 19% daquele grupo de mais ricos os outros 42% da riqueza.

Da mesma forma, na rica ilha de Manhattan a vida já está entrando nos trilhos com a energia sendo religada, o que está ainda longe de acontecer nos bairros mais pobres, enquanto muitos na América Central e no Caribe nem eletricidade têm.

Enquanto o colapso ambiental para uns representa uma ameaça a seus negócios, para outros é ver seus afazeres inviabilizados; para outros ainda, é passar fome. Se há algo improvável em nosso futuro, isto seria um filme de Hollywood sobre como a noção de colapso ambiental varia de acordo com o extrato bancário.

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