A discussão levantada pela divulgação do acordo firmado pelo governo do Paraná com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudos de privatização de empresas públicas, revelado mês passado pelo Livre.jor na Gazeta do Povo , não freou o ímpeto da gestão Beto Richa (PSDB). Um mês depois da reportagem, no dia 14 de novembro, saiu no Diário Oficial do Estado despacho do Executivo autorizando parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para “estruturação de projetos de concessão e parcerias público-privadas”.
Coincidência ou não, na mesma data do despacho, o político Orlando Pessuti (PMDB) assumia o comando do BRDE. Homem de confiança do governador dentro do PMDB, pela oposição que faz ao senador Roberto Requião na liderança do partido político, Pessuti já integrava a equipe do BRDE há dois anos, no papel de diretor administrativo. Diferente do acordo com o BNDES, que buscou a adesão do Paraná ao projeto de desestatizações do governo federal, a cooperação técnica a ser assinada com o BRDE, segundo o próprio banco, “foi iniciativa conjunta, que está sendo construída há vários meses”.
Chamariz para investidores
“A cooperação com o BRDE e com o BNDES segue a lógica de que banco de desenvolvimento existe exatamente para financiar projetos de desenvolvimento, e de que a formalização dos acordos pode gerar maior interesse de investidores no caso de eventual abertura de algum processo de concessão, visto que já há instituição financeira (pública) pré-inscrita para dar suporte à operação”, posicionou-se o governo do Paraná, por meio da assessoria de imprensa, depois de negar interesse da gestão Richa “na venda de empresas públicas já estabelecidas”.
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Servir de “chamariz” para investidores aparentemente não incomoda o BRDE. Em resposta à reportagem, que pediu exemplos de como se daria essa nova parceria com o Paraná, o banco disse estar disposto a emitir opinião sobre investimentos e captar recursos financeiros para obras. “Eventualmente, uma pequena alteração na distribuição dos investimentos tende a melhorar a capacidade de captação de financiamento, o que poderá aumentar o número de interessados em participar do pleito quando lançado o edital pelo estado”, ilustrou.
“Posteriormente, o BRDE poderá participar de cotações ou financiar algumas empresas privadas que venham a vencer o processo de concessão ou de parceria público-privada, caso elas demandem o banco e atendam todos os parâmetros de créditos”, completou a instituição financeira. Diferente do BNDES, que negou haver projeto de desestatização em debate com o governo do Paraná, especialmente nas áreas de interesse do banco nacional, que eram saneamento, iluminação pública e gás natural, o banco dirigido por Pessuti disse que respeitaria cláusulas de sigilo.
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Carteira de projetos
“O BRDE tem mantido reuniões frequentes [com o governo] e tem conhecimento de muitos projetos em estudo no estado [do Paraná]”, confirmou a assessoria de imprensa do banco à reportagem. “Apesar de algumas ações conjuntas já terem sido executadas, o trabalho mais intenso deve se iniciar nas próximas semanas. Com relação aos projetos, existem vários pontos que devem ser preservados, mesmo na etapa de estudos, até porque ainda não são definitivos. Em sendo definitivos, constarão do edital de lançamento e serão públicos a todos os interessados a partir daquele momento”, afirmou a instituição.
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Instado pela reportagem a antecipar a abrangência dessas negociações em estudo, o banco foi claro: “quanto à carteira de projetos, o BRDE não divulga informações específicas recebidas de clientes e parceiros, exceto com prévia autorização do mesmo”. Na gestão Richa, o tom foi mais reservado. A assessoria reiterou que não há projeto de desestatização em análise no Paraná, e nem “cogita” a venda de empresas públicas “já estabelecidas”. “O que se deseja é organizar todas a variantes que podem contribuir para que, no futuro, conforme a conveniência e oportunidade, abram-se processos de concessão de serviços públicos no estado”, conclui a administração estadual, ressalvando que o acordo”pode ou não ser levado a termo”.
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