Quando se pensa em saúde gestacional, pelo menos um aspecto é unanimidade: a importância do acompanhamento pré-natal. É através desses exames que a mulher pode cuidar da sua saúde e do bem-estar do bebê e prevenir doenças e complicações que podem provocar o parto prematuro e até mesmo um aborto. Consultamos a endocrinologista pediátrica Myrna Campagnoli para saber quais são esses exames e em que fase da gestação devem ser realizados. Confira:
Vacinação
O ideal é que a gestante esteja com o calendário vacinal em dia antes de engravidar. Se não for possível ou se não houver certeza de que a imunização já foi feita, o calendário deve ser completado durante a gravidez. Vacinas contra a gripe e hepatite B podem ser administradas durante a gestação sem problemas. A DPT (protege contra difteria, coqueluche e tétano) só pode ser aplicada após a 20.ª semana. Em algumas situações, a vacina contra hepatite A e a meningocócica podem ser tomadas durante a gestação.
Vacinas de vírus ou bactérias vivas atenuadas (BCG, rubéola, sarampo, caxumba, varicela e febre amarela) são contraindicadas porque implicam risco potencial, ainda que pequeno, de produzir a doença.
1º trimestre
São os exames recomendados para todas as gestantes:
Hemograma completo, exames de fezes, urina e Papanicolau: serve para que o médico possa avaliar a saúde da mulher.
Tipagem sanguínea: procedimento para verificar qual é o fator Rh da mãe. Importante porque mulheres com Rh negativo que tenham bebês com fator positivo podem gerar eritoblastose fetal. “Na primeira gestação, o bebê não será afetado, pois a mãe apenas produzirá os anticorpos contra o sangue do bebê durante o parto. Numa segunda gestação, esses anticorpos atacam as hemácias do sangue do bebê Rh positivo, causando anemia muito intensa, icterícia e até alterações neurológicas”, explica Myrna. Para que isso não aconteça, as mães Rh negativo devem ser vacinadas com imunoglobina anti-Rh.
Sorologia para citomegalovírus, urina 1 e urocultura, toxoplasmose, rubéola, sífilis, hepatite B, hepatite C e anti-HIV: caso algum desses testes dê positivo, cuidados são necessários para que o bebê não seja infectado. O ideal, explica a médica, é que esses exames sejam feitos antes da concepção, para que o tratamento de doenças curáveis seja concluído e o tratamento das incuráveis seja iniciado, reduzindo o risco de transmissão materno-fetal. O tratamento iniciado durante a gestação implica maior risco para o feto. É recomendável que se adotem medidas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis durante a gravidez.
Ultrassom básico obstétrico transvaginal
Glicemia de jejum: indica a quantidade de glicose no sangue. Taxas acima do normal podem indicar um quadro de diabetes gestacional. Identificado o diabetes, o tratamento deve ser iniciado imediatamente através de dieta, atividade física e medicamentos. “A doença pode provocar parto prematuro e alterações fetais. O recém-nascido pode apresentar macrossomia e atraso no desenvolvimento dos órgãos. No parto, há risco de hipoglicemia neonatal, crises convulsivas e sequelas neurológicas”, explica Myrna. A hipoglicemia materna também representa riscos, pode provocar retardo de crescimento intrauterino e alterações orgânicas fetais.
TSH, T3 total, T4 total e T4 livre, anticorpos anti-titereoideanos: verificam a presença de doenças da tireoide na mãe. O controle da função tireoidiana deve ser rigoroso durante o pré-natal, pois tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo são perigosos para o bebê. “No hipo, há risco de comprometimento do crescimento fetal e do desenvolvimento dos órgãos, além de danos neurológicos. No hiper, há risco de hipermetabolismo fetal, quando o recém-nascido nasce abaixo do peso.”
1º trimestre para mulheres acima de 35 anos
Mulheres com mais idade e com histórico familiar de doenças genéticas devem fazer exames especiais no 1.º trimestre de gravidez
Ultrassonografia: possibilita identificar se o embrião é único ou se é uma gestação de múltiplos, além de verificar se está corretamente implantado no útero ou fora dele (gravidez ectópica). O exame ainda mostra se a placenta está localizada na região mais adequada do útero ou se houve uma implantação anômala, e se os batimentos cardíacos do feto estão normais. “É extremamente importante para definir os planos de seguimento do pré-natal. A gravidez ectópica é uma situação de emergência cirúrgica. As demais alterações são acompanhadas, mas implicam maior risco de aborto e parto prematuro.”
Ultrassonografia Translucência Nucal: calcula o desenvolvimento do bebê, o tamanho do edema da nunca e a medida do osso nasal, parâmetros que indicam risco de Síndrome de Down.
Teste Integrado de Sangue: importante para afastar o risco de cromossomopatias (variações no número de cromossomos do feto). Deve ser realizado quando há suspeita clínica e/ou ecográficas ou fatores de risco associados à gestação. O teste é mais sensível para Síndrome de Down (trissomia do 21), mas também pode identificar as síndromes de Edwards, Patau, Turner e outras.
2º trimestre
Obrigatórios para todas as gestantes. Exames analisam a anatomia do feto e previnem infecções:
Ultrassom morfológico: analisa a anatomia do feto e mede o tamanho dos ossos e dos órgãos. Permite avaliar o cordão umbilical e seus vasos, predizendo o risco de desenvolver pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial específica na gravidez) e de diminuição do crescimento fetal por má nutrição.
Exames de sangue e urina: refeitos para afastar os riscos de contaminação de doenças infecciosas.
Glicemia de jejum e Teste oral de tolerância à glicose: testes realizados entre a 24ª e 28ª semana para avaliar o nível de glicose e diagnosticar diabetes gestacional.
Ecocardiograma fetal com Doppler: avalia detalhes morfológicos (formação das estruturas) e funcionais (função cardíaca) do coração do feto.
3º trimestre
No final da gravidez, são exames obrigatórios para todas as gestantes. Eles detectam as contrações uterinas e podem evitar infecções
Ultrassom obstétrico e cardiotocografia: exame que permite ao médico observar a regularidade das contrações uterinas e as oscilações na frequência cardíaca do bebê. Também são verificadas as condições placentárias e a quantidade de líquido amniótico.
Pesquisa da bactéria estreptococo B na cultura de secreção vaginal: importante para evitar infecções neonatais. Se a bactéria for encontrada, deve ser eliminada para evitar que o bebê seja contaminado no nascimento ao passar pelo canal vaginal.
Repetir exames de laboratório do primeiro trimestre e fazer coagulograma.
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