Pernambuco já tem 920 notificações de microcefalia - má-formação do cérebro que pode prejudicar o desenvolvimento da criança - este ano, mantendo-se na liderança dos registros da anomalia, com 38% dos casos suspeitos de todo o país.
Até esta terça (15), o estado confirmou 85 e descartou 27 casos. Outros 313 atendem aos parâmetros da OMS para identificar a malformação, ou seja, perímetro cefálico menor ou igual a 32 centímetros.
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Equipes médicas do estado e dos municípios estão realizando uma busca ativa das famílias que tiveram bebês notificados com a microcefalia para tentar confirmar ou descartar a ocorrência da microcefalia em bebês com suspeita do problema. Cristina Mota, secretária executiva de Atenção à Saúde de Pernambuco, diz que é preciso que essas crianças sejam submetidas a exames de imagem para que o médico possa chegar ao diagnóstico definitivo.
“Reconhecemos que há uma dificuldade principalmente de quem está no interior de acessar os hospitais, por isso os profissionais estão entrando em contato com as famílias por telefone ou por meio das equipes de saúde da família. A ideia é convencê-las a procurar as unidades de referência”, afirmou.
O estado tem sete unidades de referência para o atendimento dos bebês com microcefalia e suas mães, espalhadas nas quatro macrorregiões - Recife, Caruaru, Serra Talhada e Petrolina. Na próxima semana, o Hospital Barão de Lucena, localizado no bairro da Iputinga, zona oeste da capital, passará a integrar a rede.
Segundo a secretária, o atendimento às mães e às crianças vem ocorrendo dentro do prazo esperado. “Hoje não há filas. Estamos trabalhando para realizar a consulta, o exame de imagem e o retorno ao médico dentro de uma semana”, disse. Ainda de acordo com ela, a rede ampliou a capacidade de tomografias, com cerca de 700 novos exames por mês.
Pernambuco notificou 58 gestantes com manchas no corpo, principal sintoma do vírus zika, mas em apenas uma foi confirmada a microcefalia intra-uterina. A mulher está na 24ª semana de gravidez.
“Ela está recebendo todo o acompanhamento médico e psicológico. Além disso, fará um novo ultrassom entre a 32ª e a 35ª semanas, como preconiza o protocolo”, afirmou Letícia Katz, gerente estadual de Atenção à Saúde da Mulher.
Novo protocolo
Para melhor atender as crianças que já tiveram diagnóstico confirmado de microcefalia, a Secretaria da Saúde de Pernambuco trabalha na confecção da terceira versão do Protocolo Clínico e Epidemiológico de Microcefalia. Ainda não há previsão para o lançamento do novo documento.
“Estamos construindo o fluxo de reabilitação que vai contar com a atuação de outros profissionais de saúde especializados nos sistemas motor, auditivo e visual, por exemplo”, disse a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque.
Tríplice epidemia
Primeiro Estado a notificar pacientes com zika, diferenciando-os daqueles acometidos pela dengue ou chikugunya, Pernambuco registrou, em quatro dias, 103 casos em 27 municípios. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (15), a Secretaria Estadual de Saúde revelou, também, o crescimento de 604,32% das notificações de dengue (130 mil), sendo 42.257 casos confirmados e 28 óbitos.
Da febre chikugunya foram 1.438 casos notificados em 88 municípios, com 288 confirmados.
Dos 184 municípios pernambucanos, 61 continuam sob risco de surto e 70 em estado de alerta.
Sobre a diferença entre os números divulgados nesta terça pelo Ministério da Saúde, Luciana Albuquerque explicou que governo federal e estadual coletam dados em períodos diferentes e classificam os casos de modo diverso.
Até 12 de dezembro, o ministério contabilizou 874 casos de microcefalia em investigação no Estado e 29 confirmados como consequência de infecção por zika no período gestacional. A pasta afirma que as confirmações foram possíveis graças a exames de PCR realizados nos laboratórios federais. Pernambuco contesta essa versão.
“Ao contrário do ministério e de outras secretarias estaduais não estamos confirmando casos de microcefalia provocados pela vírus zika. Tudo ainda está sendo investigado. O que é confirmado como microcefalia é o que pode ser detectado nos exames de imagem, como a calcificação do cérebro do bebê, por exemplo, não pelo vírus”, afirmou Luciana Albuquerque.
Rede privada
A Secretaria de Saúde de Pernambuco estima que de 90% a 95% das notificações de microcefalia são de pacientes provenientes da rede pública. Mesmo assim, a pasta vai capacitar profissionais de hospitais privados.
Na próxima segunda-feira (21), especialistas vão explicar como adotar o protocolo no atendimento a gestantes e bebês. A capacitação será transmitida por teleconferência para que profissionais que estão no interior do Estado também possam acompanhar.
“Vamos focar basicamente no trabalho de urgência, no atendimento às gestantes, no diagnóstico de microcefalia e na reabilitação. A proposta é que as recomendações cheguem ao máximo de profissionais possível”, afirmou Cristina Mota.
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