Os recursos extras repassados pela União e pelo estado aos municípios do Paraná para combate à dengue no fim de 2015 somam R$ 15,3 milhões e são celebrados pelas prefeituras, mas pontualmente representam um pequeno acréscimo aos orçamentos locais, na maioria dos casos. O governo federal contemplou todas as 399 cidades com repasses, mas 64% delas receberam apenas R$ 5 mil. O governo estadual priorizou os municípios que tinham infestação da dengue: 299. Desses, 34% receberam até 10 mil (confira, abaixo, o valor recebido por cada município do estado).
No mundo
O número de países com circulação do zika vírus dobrou em um mês e meio, de acordo com alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Agora, de acordo com o mais recente comunicado, são 18 os países e territórios das Américas com casos autóctones – transmissão local – do vírus.
Para combater uma epidemia de dengue, a demanda por recurso é bem maior. Em 2013, por exemplo, Paranavaí, cidade do Noroeste com 82 mil habitantes, gastou cerca de R$ 4 milhões, segundo o secretário de Saúde do município, Agamenon Arruda de Souza. Esse valor inclui ações de combate e tratamento dos doentes. “Depois disso passamos tranquilamente por 2014 e 2015 e o volume de recursos não é tão alto, mas agora estamos atentos novamente, há novos casos suspeitos e o combate é permanente”, afirmou.
Confira a cobertura completa sobre o aedes aegypti e as doenças ocasionadas pelo mosquito.
No início de 2016, com o surto em Paranaguá, o governo estadual fez novo repasse extra, direcionado aos municípios do litoral: R$ 7 milhões. No interior, porém, há o temor de aumento de casos e necessidade de mais recursos, já que muitas pessoas que frequentaram a praia e outros locais infestados estão retornando agora para casa. “Temos 12 casos suspeitos que surgiram nesta terça, um deles veio de Guaratuba, outro de São Paulo e outro de Cuiabá”, disse o secretário de Paranavaí.
Foz do Iguaçu, que também apresenta incidência alta de casos de dengue, recebeu R$ 161,4 mil do governo federal e R$ 400 mil do governo estadual – mesmo valor repassado aos municípios de Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. “O dinheiro nunca é suficiente pois sempre a vontade é de fazer mais, ter mais pessoal efetivo para trabalhar na prevenção. Mas o recurso que veio é uma grande ajuda para esta batalha”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Gilbert da Trindade Ribeiro.
Os valores repassados pelo governo do Paraná podem ser usados na contratação emergencial de agentes de combate a endemias por 89 dias, categoria que tem piso salarial nacional de R$ 1.014, pagamento de serviços de terceiros e confecção de material informativo. Os secretários de saúde ressaltam que, independentemente dos investimentos, a população precisa fazer sua parte. “As pessoas precisam realmente acreditar que a ação delas será capaz de eliminar o mosquito da dengue”, afirmou Ribeiro, de Foz. “Chamamos a sociedade para nos ajudar. Se depender só do poder público, não damos conta”, destacou Souza, de Paranavaí.
Dinheiro extra é para eliminar mosquito
Os municípios são orientados a utilizar os recursos extras no combate ao mosquito, e de forma rápida, explica a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Cleide Aparecida de Oliveira. “É preciso alocar o recurso para resolver o problema, que é o mosquito. Não adianta aumentar o número de leitos para atender as pessoas com dengue, porque isso não resolve a questão”, afirmou. Ela disse que é importante oferecer infraestrutura para atender aos doentes, mas que é fundamental tentar evitar novos casos.
“É preciso ampliar vistoria dos imóveis, eliminar criadouros, para que ninguém fique mais doente. Muitos municípios querem investimento para fumacê, mas o veneno só funciona no mosquito que voa, e as larvas só são eliminadas com limpeza”, explicou. Segundo ela, 70% das larvas do Aedes aegypti são encontradas no lixo. “As pessoas precisam colaborar, mas os gestores devem ampliar a coleta, e isso custa dinheiro”, observou.