Paraguai vê corrida ao Tamiflu
Brasileiros batem às portas das farmácias de Ciudad del Este, no Paraguai, para comprar remédios contra a gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína. O medicamento mais procurado é o Tamiflu, que não está à venda nas farmácias brasileiras. No Brasil, o uso do Tamiflu é limitado a pacientes que apresentam fator de risco, incluindo doenças prévias e quadro clínico grave. No Paraguai, porém, qualquer um pode ter acesso ao remédio, mesmo sem receita médica. A reportagem da Gazeta do Povo constatou a venda livre.
Tira-dúvidas
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Para minimizar a transmissão do vírus H1N1, as aulas da rede estadual de ensino e das universidades estaduais foram suspensas ontem por determinação do governador Roberto Requião. A paralisação, que vai até 10 de agosto, atingirá 1,4 milhão de alunos do ensino fundamental e médio, além de 90 mil estudantes do ensino superior. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) também adotaram a medida.
Com a suspensão nas escolas e universidades do estado, já são aproximadamente 2 milhões de alunos com aulas suspensas pelo risco de contaminação da gripe A. Esse número pode aumentar em mais 1,1 milhão se as redes municipais das 399 cidades do estado seguirem a orientação da seção paranaense da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime-PR), que também é de que as aulas sejam paralisadas. A secretária de Estado da Educação, Yvelise Arco-Verde, informou que a reposição das aulas será programada na semana que vem.
Apesar da suspensão, o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, ressalta que a decisão não foi por critérios técnicos, e sim para dar mais tranquilidade à população. "Pelo critério epidemiológico, ainda não chegamos ao nível de precisar suspender as aulas. Mas como a suspensão de aulas da rede particular e mesmo da rede pública de outros estados vem gerando insegurança entre pais e alunos, optamos por essa decisão, que é apenas para acalmar a sociedade", explica Martin. O secretário ainda afirma que do ponto de vista de prevenção, a suspensão das aulas trará pouco efeito. "A simples suspensão das aulas não vai impactar na queda substancial de contaminação na população. Isso poderia acontecer se houvesse uma medida extrema de paralisação dos serviços", afirma.
Aglomerações
O secretário de Saúde fez um apelo aos estudantes para que, apesar da suspensão, evitem outros tipos de aglomerações, casos em que o vírus é transmitido mais facilmente. "Não adianta o estudante ficar sem ir para a aula se ele for ao shopping, ao cinema, se os universitários forem para a balada. O fato de suspender a aula não vai evitar a transmissão em outros locais. Portanto, todos devem evitar aglomerações desnecessárias."
Essa orientação foi encaminhada aos alunos pela Secretaria de Estado de Educação. Yvelise explica que as informações foram repassadas pelos professores, capacitados nos dias 21 e 22 pela secretaria de Saúde sobre os cuidados para evitar a gripe A. Desde o dia 23, quando as aulas retornaram na rede estadual, Yvelise confirma sem citar números que houve queda na presença de alunos em algumas escolas. Entretanto, ela não credita isso somente à gripe A. "As chuvas dos últimos dias também podem ter colaborado, já que em algumas cidades as estradas estão intransitáveis e os ônibus escolares não conseguem passar", diz.
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Requião muda de ideia
Dois dias após afirmar que havia muito sensacionalismo na divulgação de notícias sobre a da gripe A e que as escolas do estado não iriam fechar por causa da doença, o governador Roberto Requião mudou de ideia. Na Escola de Governo da última terça-feira, ele havia garantido que as aulas da rede pública estadual seguiriam normalmente. "Se fôssemos fechar escolas, iríamos fechar cinemas, proibir o povo de andar de ônibus. Teríamos que fechar supermercados e tudo mais. Não tem sentido isso", afirmou na ocasião. Requião insinuou que a epidemia de gripe seria uma espécie de conspiração internacional para amenizar a crise econômica mundial. "Eu me preocupo com essa gripe porque tem um laboratório no mundo que faz o Tamiflu. E fico pensando que, se com essa quebradeira toda lá nos Estados Unidos, não inventaram um jeito de dar uma superfaturada vendendo Tamiflu no planeta Terra."
Outro alvo do governador foi a imprensa, que segundo ele, estaria exagerando na cobertura sobre o caso.
Fernando Rudnick, especial para a Gazeta do Povo
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