Caso vingue, a pacificação da Vila Torres deve se tornar um importante estudo de caso sobre os efeitos do trabalho comunitário no combate à violência. Por ora, não se toca nesse assunto. O que é natural. "As lideranças tendem a não tomar para si esses méritos, de modo a não afrontar o mundo do crime. Mas não há avanço social que não passe pela comunidade", afirma o sociólogo Pedro Bodê, do Centro de Estudos de Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR.
Para agentes sociais como Marcos Eriberto dos Santos e José Cordeiro, o que se pode dizer por enquanto é que a circulação permitida dos jovens para cima e para baixo é um alívio. E que as mais de 50 lideranças diretas um número expressivo de participação se comparado a outras comunidades vai continuar tocando seus projetos.
"Nunca ninguém nos impediu de nada. Nem fomos lá fazer mediação. Não é o nosso papel", reforça Marcos, caso único entre os presidentes de associação. Ele ganhou a simpatia dos moradores das Torres não por populismos, mas por seu trabalho em prol do meio ambiente. Sua Agenda 21 é modelar. Assim como a saudável distância que mantém de políticos que se aproximam da comunidade em busca de voto fácil e promessas de ocasião.
Cultura comunitária
A vila para gente como Marcos é o lugar do Centro de Apoio e Integração Comunitária, o Caico; da organização não governamental Associação Iniciativa Cultural; do Clube de Mães; do restaurante comunitário; de líderes como Ezequiel Bibiano, Irenilda Aruda, Adílson Pereira e Maurina Carvalho. A vila antigo apêndice da favela do Capanema exportou sua cultura comunitária para todos os cantos de Curitiba e dos municípios da região metropolitana. É pelo que querem ser lembrados.
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