O “excesso” de pessoas mortas por policiais e as prisões superlotadas são os principais violações de direitos humanos no Brasil. É o que aponta relatório da ONG internacional Human Rights Watch (HMR) divulgado nesta quarta-feira (27). O documento analisou a situação de 90 países.

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Em seu relatório mundial, a ONG destaca que 494 pessoas foram mortas por policiais em São Paulo de janeiro a outubro de 2015, um avanço de 1% em relação ao ano anterior. Já no Rio de Janeiro, foram 644 mortos, 10% a mais do que no ano anterior. Além disso, a organização aponta que o número de mortos por policiais aumentou 40% em 2014, chegando a “mais de 3.000” naquele ano.

“Houve um fracasso generalizado, em todas as esferas do governo, em relação ao problema de segurança pública”, afirmou a diretora da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu. “É absolutamente inaceitável o crescimento do número de mortes causadas pela polícia”, disse.

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O documento também faz menção às acusações do envolvimento de policiais de diversos estados, como Pará, Amazonas e São Paulo em chacinas. Em agosto do ano passado, 23 pessoas foram mortas em chacina na Grande São Paulo.

“Reconhecemos que a polícia no Brasil vive em um ambiente altamente perigoso, então é natural que possa exercer o domínio da força, então muitas mortes são justificadas. No entanto, vemos que nem sempre é assim. Muitas vezes a polícia age além de sua legitimidade, executando pessoas”, destacou Maria Laura.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro disse que só irá se manifestar após ler o relatório. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não se manifestou.

Prisões

O relatório da HRW critica os problemas de “grave superlotação e violência” nos presídios brasileiros. Segundo o documento, o número de adultos atrás das grades aumentou 80% no país nos últimos 10 anos, superando 600 mil pessoas encarceradas até junho de 2014, mais de 60% acima da capacidade oficial das prisões.

Apesar das críticas, a entidade elogiou a implementação, em 2015, das audiências de custódia, que obrigam as autoridades a conduzir os detidos à presença de um juiz logo após a sua prisão. Para a ONG, a prática “desencoraja o uso da tortura por parte da polícia, dando aos detidos a oportunidade de denunciarem maus-tratos rapidamente e aos juízes, a chance de examinarem sinais de abusos o quanto antes”. Conforme revelou o Estado em setembro do ano passado, foram identificados indícios de tortura em 277 casos identificados pelas audiências, dado apontado em relatório do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

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No mundo

A HRW avalia que o Brasil continuou a liderar os esforços pela defesa do direito à privacidade e, nos últimos cinco anos, dobrou o número de refugiados reconhecidos vindos da Síria e outros países. Criticou, no entanto, o que chamou de “atuação inconsistente” do País como membro do Conselho de Direitos Humanos das Nações em 2015. “Em março, o país se absteve na votação de uma importante resolução que condenava as violações dos direitos humanos ocorridos no âmbito do conflito sírio e também em outra uma outra com o objetivo de renovar o mandato da relatório especial para o Irã, que critica duramente a permanência de graves violações de direitos humanos naquele país”, diz o documento.