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Julgamento foi feito na 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, em Curitiba | Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Julgamento foi feito na 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, em Curitiba| Foto: Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Por maioria de votos dos jurados, Márcia Nascimento foi condenada a 19 anos de reclusão pelo assassinato de Louise Sayuri Maeda na madrugada desta quarta-feira (7). O julgamento havia começado por volta das 10 horas de terça (6) na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Curitiba. Márcia foi condenada por homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver. Ela já está na cadeia há dois anos e dois meses, tempo que será reduzido no período da pena. Outros dois acusados pelo crime ainda serão julgados.

O julgamento começou com os depoimentos das 12 testemunhas que foram convocadas para falarem ao júri. Primeiro foram ouvidas as de acusação e depois as de defesa. Então foi feito o interrogatório da ré e depois começaram os debates. Falou primeiro a acusação, depois a defesa e houve ainda um tempo para o Ministério Público fazer uma réplica. Após a fala do MP, a defesa teve uma tréplica antes de os jurados se reunirem na sala secreta e deliberarem. O processo todo durou até o início da madrugada desta quarta (7).

Haroldo Náter, advogado de defesa de Márcia, disse que a denúncia do Ministério Público foi aceita integralmente na sentença. Em nenhum dos votos, no entanto, houve unanimidade, segundo ele. "A condenação era esperada, já que ela era ré confessa, mas não esperava que todas as qualificadoras fossem aceitas, porque as provas mostram que não houve furto na iogurteria", diz.

As chamadas qualificadoras do crime, segundo o entendimento dos jurados, foram três: teve motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e foi cometido para assegurar que outro crime (furto) ficasse impune. "Como ela pode ser condenada com motivo torpe se o furto [na iogurteria] não ocorreu? A defesa está estudando a interposição de recurso. Eu fui contratado especialmente para participar do júri, mas a outra advogada que defende [Márcia] provavelmente vai entrar com recurso".

O advogado também relata que a condenação em casos de grande repercussão acaba sendo uma prática convencional. "A sociedade tem, em sua percepção dos fatos, uma oportunidade de tomar uma atitude para que aquilo não ocorra novamente. O tribunal do júri tem essa tendência maior de, nos crimes de grande repercussão na mídia, condenar o réu", opina.

O inquérito

De acordo com o inquérito do caso, o crime foi motivado por vingança e em razão da universitária ter denunciado furtos que vinham ocorrendo no caixa da iogurteria onde trabalhava. O crime ocorreu em 31 de maio de 2011, por volta das 23h57, em uma ponte sobre o Rio Iguaçu, situada na Rua Pellanda, bairro Campo do Santana, em Curitiba. Louise recebeu dois tiros, e, logo em seguida, seu corpo foi arremessado do alto da ponte.

Conforme as investigações da polícia, no início de maio de 2011, Louise descobriu uma série de irregularidades cometidas por Márcia, entre elas furtos, e sugeriu aos proprietários da empresa que demitissem a funcionária. No dia do crime, Louise e Fabiana Perpétua de Oliveira - outra acusada pelo crime - deixaram juntas o Shopping Mueller, onde fica a iogurteria em que trabalhavam.

Segundo a polícia, Márcia convenceu Fabiana a convidar a vítima para ir a um barzinho. Elas entraram em um Gol, onde Márcia e o outro acusado, Elvis de Souza, as esperavam. Eles seguiram até o bairro Campo de Santana, onde Márcia simulou passar mal. Fora do carro, Louise foi levada a um ponto isolado, onde foi executada, na versão levantada pela polícia.

Relembre o caso

Louise desapareceu em 31 de maio após sair do trabalho. O corpo foi encontrado no dia 17 de junho de 2011 em uma cava do Rio Iguaçu, em Curitiba. Márcia e Fabiana foram detidas na madrugada seguinte à confirmação da morte da universitária. Élvis se entregou à polícia somente no dia 23 de junho, mesma data em que a família fez a cerimônia de despedida e que o corpo de Louise foi cremado. No dia 15 de julho de 2011, uma reconstituição dos fatos foi realizada pela polícia. O procedimento foi realizado com base no depoimento de cada um dos três acusados. No dia 6 de outubro de 2011, o processo foi desmembrado porque a defesa de uma das acusadas pediu um exame de sanidade mental, o que poderia arrastar o trâmite de todo o processo por vários anos.

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