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Caso Tayná

Acusados no caso Tayná destituem advogado e podem ser soltos no domingo

Na noite deste sábado (13), as investigações do caso do assassinato da adolescente Tayná Adriane da Silva desencadearam uma confusão na Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR). O advogado dos até agora acusados pela morte da adolescente, Roberto Rolim de Moura Júnior, interrompeu o depoimento de seus clientes alegando que não havia sido comunicado do evento e que os quatro deveriam permanecer em silêncio. Segundo o promotor Paulo de Lima, um dos acusados disse então que gostaria de dar sua versão e desconstituiu Rolim como seu representante legal, sendo seguido no pedido pelos demais.

No final da tarde, os quatro suspeitos foram levados pelo Centro de Operações Especiais da Polícia Civil (Cope) à secretaria para prestar depoimento já que, segundo Lima, não havia provas suficientes para mantê-los detidos. Estavam presentes os delegados Guilherme Rangel, responsável pelo caso; Rafael Vianna, assessor civil da Sesp-PR e delegado designado para acompanhar as investigações, além de membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).

Segundo o promotor, o advogado não foi encontrado para que fosse comunicado da tomada de depoimento dos quatro acusados. Quando soube do evento, Rolim se dirigiu à secretaria e interrompeu o procedimento. O dono do parque onde os rapazes trabalhavam e seu advogado também chegaram ao local. Após longa discussão, o promotor e o delegado Rangel anunciaram que Rolim havia sido desconstituído de sua função pelos acusados.

O presidente da Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB designado para acompanhar o caso, Edward Carvalho, declarou que Rolim será investigado pela instituição, pois "estava havendo uma provável coação" para que os acusados ficassem em silêncio. Carvalho declarou nunca ter presenciado um caso onde "ficou evidente a atuação contrária do advogado aos interesses de seus clientes".

Segundo informações da Sesp, os homens prestaram depoimento até por volta das 7 horas deste domingo (14), representados por advogado dativo, Andrey Salmazo Poubel. Segundo Paulo de Lima, os quatro podem ser soltos ainda neste domingo (14).

Procurado para comentar a sua destituição pelos acusados, o advogado Roberto Rolim de Moura Júnior atendeu a reportagem em um primeiro momento, mas disse que não poderia falar no momento e que retornaria o pedido de entrevista. No entanto, ele foi contatado mais duas vezes até às 23 horas deste sábado e não atendeu mais às ligações.

Neste domingo (14), a OAB-PR divulgou uma nota oficial afirmando que dois de seus membros acompanharam os depoimentos dos suspeitos e ressaltando que eles "transcorreram em clima de absoluta tranquilidade e de respeito aos seus direitos e garantias constitucionais, sem nenhuma forma de pressão ou coação de parte das autoridades ali presentes".

"Os acusados manifestaram de forma livre o direito de renunciar ao Advogado Roberto Rolim de Moura Júnior e constituíram como seu advogado Andrey Salmazo Poubel que também companhou a íntegra das oitivas. Já o advogado Aryon Jakson Schwinden, embora alegando ser também advogado dos quatro rapazes, não foi reconhecido por nenhum deles como tal", completou a entidade, que também afirmou que continua acompanhando tanto as investigações do assassinato da adolescente quanto o da tortura que teria sido imposta aos quatro homens apontados inicialmente como suspeitos pelo homicídio.

O caso

A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

Na sexta-feira (12), o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime.

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