Agentes penitenciários em greve em São Paulo impediram na manhã desta terça-feira (21) que o “linhão”, formado por seis caminhões e um ônibus, transportando entre 150 e 200 detentos, entrasse na Penitenciária de Martinópolis, no interior do Estado, para fazer a divisão de presos que deveriam seguir para audiências em fóruns da capital, da Grande São Paulo e do litoral.
Os detentos foram recolhidos em diversos presídios do interior. Em Martinópolis, eles seriam divididos por viaturas que os levariam aos fóruns. A Penitenciária de Martinópolis é escolhida por ser equidistante entre as unidades e ter espaço para entrada dos “bondes” do “linhão”, possibilitando que a troca de presos por viaturas seja feita com segurança.
No entanto, o piquete montado pelos grevistas impediu a entrada dos veículos - a divisão dos detentos teve de ser cancelada. A Polícia Militar, que fazia escolta dos bondes com cinco viaturas, acompanhou a movimentação. Os agentes insistiram no bloqueio, o que levou o comboio de caminhões e ônibus a desistir da troca e a retornar para a Rodovia Assis Chateaubriand, com escolta da PM.
Sem local adequado, a troca de detentos teve de ser improvisada às margens da Rodovia Raposo Tavares, nas proximidades da base da Polícia Rodoviária em Assis. Os policiais rodoviários interditaram um trecho da rodovia e a PM fez a segurança para a que troca fosse efetuada.
Em seguida, o bonde com os caminhões e ônibus, escoltado por viaturas da PM, seguiu viagem em direção aos fóruns.
A ação foi a primeira de grande porte praticada pelos agentes na greve de 2015. Na greve do ano passado, depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) determinar que a troca fosse feita à força pela PM, ação semelhante terminou em confronto entre grevistas e policiais, na entrada do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde os presos ficam antes de serem encaminhados para audiências nos fóruns da capital.
A possibilidade de ocorrer o mesmo confronto neste ano foi discutida na manhã desta terça-feira pelos líderes sindicais, que prometiam impedir a entrada dos detentos no CDP de Pinheiros, prevista para esta tarde.
“Estamos nos preparando para isso. Lá (CDP de Pinheiros) eles não vão entrar”, afirmou um dos sindicalistas.
“Esta é uma demonstração da insatisfação dos trabalhadores, que estão preocupados com as condições de trabalho, com a situação dos colegas acusados injustamente e com a falta de compromisso do governo em cumprir os compromissos assumidos durante o acordo feito na greve de 2014. Além disso, é uma maneira de cobrar o governo pelas suas obrigações que não vem sendo cumpridas, como o reajuste salarial anual da categoria”, comentou o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Daniel Grandolfo.
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