Vinte motins em um ano
A situação na PECOeleva para, pelo menos, vinte o número de motins no sistema carcerário do Paraná em pouco mais de um ano. Há menos de uma semana houve uma rebelião na cadeia pública de Guarapuava, no qual três agentes penitenciários foram feitos reféns. Eles só foram liberados depois do acerto da transferência de 74 detentos. Com isto, o Sindarspen calcula que já foram 27 agentes feitos reféns em um ano.
A rebelião na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO), no Noroeste do Paraná, foi controlada por volta das 5 horas desta quinta-feira (11), depois que 77 presos tiveram transferências garantidas para outras unidades do estado. As transferências foram finalizadas às 8h40 - quase 18 horas depois do início do motim. Neste mesmo horário, o último refém, um agente penitenciário, foi liberado e o motim foi dado como encerrado.
A informação inicial era de que duas pessoas eram mantidas pelos detentos, mas nesta manhã a Seju confirmou 13 reféns. Fora o agente, havia onze presos condenados por estupro que foram transferidos de Cascavel no mês passado, e mais um ex-agente de cadeia pública que foi preso em Campo Mourão por corrupção. De acordo com a Seju, fora o agente, os demais reféns saíram com ferimentos, porém, sem gravidade.
Segundo a secretaria, das transferências, 43 foram para Maringá, 20 para Londrina, 10 para Piraquara e 4 para Foz do Iguaçu. Um forte esquema de segurança cercou o presídio para evitar a aproximação dos familiares dos presos, que ontem fizeram uma manifestação em frente ao local.
Conforme Valdecir Santana, do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), a rebelião ocorreu em duas alas do presídio e envolveu diretamente cerca de 70 presos. Logo após o início do motim, colchões foram queimados e uma intensa nuvem de fumaça se formou ao redor da unidade. O Sindarspen informou que 60% da estrutura do presídio ficou danificada, o que não foi confirmado pela Seju. A secretaria informou que até o fim da manhã deve divulgar as primeiras informações sobre danos à unidade.
Santana declarou que o motivo da rebelião foi apenas promover um quebra-quebra e teria começado com presos de Cruzeiro do Oeste, depois ganhou o apoio de alguns dos 100 presos transferidos de Cascavel.
Já a Seju disse que o motim pode ter sido liderado por um detento de Londrina, mas o fato ainda não foi confirmado. As investigações do caso também devem apontar se presos transferidos da Penitenciária Estadual de Cascavel que enfrentou uma das piores rebeliões do estado no mês passado ajudaram no motim em Cruzeiro do Oeste. Não está descartada a possibilidade de que um agente que estava em um lugar onde não deveria tenha facilitado o início do ato. Às 10 horas, a Polícia Militar já tinha iniciado o rescaldo dentro da unidade, para que então as perícias comecem a ser feitas.
Outros pedidos
Além das transferências, os presos também fizeram outras reivindicações de praxe, como melhora na alimentação, maior tempo de visita social e íntima, assistência social e psicológica e progressão de regime. Estes pedidos serão analisados pela Seju e pelo Poder Judiciário.
Sindicato reitera situação caótica em presídios No terceiro caso de rebelião em menos de um mês no estado, o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) ressalta as situações caóticas enfrentadas pelos detentos. Depois da grande rebelião em Cascavel, no Oeste do estado, e dos motins em Cruzeiro do Oeste e Guarapuava (separados por apenas três dias), a entidade não descarta que outras unidades com problemas de superlotação e falta de estrutura para manter os presos passem pela mesma situação.
De acordo com Antony Johnson, presidente do sindicato, a precariedade mais latente está presente hoje na Penitenciária de Francisco Beltrão e na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu II (PEF II). "Falta tudo para os presos lá. Eles não têm kit higiene, a comida é péssima, e não tem advogado. O preso quer ver o processo andar, mas não tem advogado. Essas unidades estão à beira de uma rebelião", comentou.
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