Hermes Leão Silva, presidente da APP-Sindicato, afirma que reivindicações e rancores vieram à tona.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Somando 29 dias de paralisação, a greve geral da educação estadual, deflagrada em 9 de fevereiro, além de ser a mais longa dos últimos 25 anos também consolida-se como o movimento grevista que, possivelmente, mais angariou apoio popular – levantamento realizado pela Paraná Pesquisas revelou que 90% dos paranaenses apoiam a greve –, e mobilizou o maior número de pessoas a irem às ruas engrossar o coro de insatisfação em relação à educação do estado.

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Chamada “greve de resistência” pela APP-Sindicato, a paralisação foi marcada por uma comunicação amplificada graças às redes sociais. Pouco escapou aos olhos de grevistas, jornalistas e quem mais tenha acompanhado a movimentação no Centro Cívico, na Assembleia Legislativa do Paraná, nas ruas centrais de Curitiba ou mesmo no estádio da Vila Capanema, palco da última assembleia-geral da categoria que reuniu cerca de 20 mil pessoas e decidiu pela manutenção da greve.

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Em meio aos holofotes e ao embate travado com o governo do Paraná, agora por vias judiciais, Hermes Leão Silva, presidente da APP-Sindicato e principal representante dos professores, avalia processos, impactos e resultados alcançados até o momento pela greve.

Para além dos impasses de caráter financeiro e prático, há ainda o aspecto subjetivo do movimento. Hermes reputa o impacto social provocado pela paralisação à sensação compartilhada de que a sociedade é desprezada pela classe política e pelo poder Judiciário. “As medidas propostas pelo governo, a maneira como foram impostas e algumas decisões da justiça fomentam um rancor grande na população. Parte do apoio que temos recebido vem desse sentimento, as pessoas se sentem desamparadas. Nosso movimento acaba levando para a rua outras angústias da população.”

Desamparo

As negociações travadas com o governo até o momento foram marcadas por um diálogo difícil, mas respeitoso. Segundo Hermes, durante as reuniões tudo foi dito, desde os aspectos objetivos, como as reivindicações, até os subjetivos, como o sentimento de desamparo da categoria e a insegurança de que os acordos firmados na mesa de discussão não sejam cumpridos.

Apesar da ampla adesão à paralisação e do apoio de outros setores, Hermes ressalta que “nenhuma roda foi inventada”. “A APP tem uma tradição muito antiga de responder a ataques de direitos e ao desmonte da escola pública. Nós tivemos grandes greves sem redes sociais, sem telefone celular, sem essa ampla cobertura comunicacional. Dessa vez o movimento ganhou repercussão, foi bonito porque o povo respondeu à mobilização, mas a luta não é inédita. O que é inédito é a informação ter alcançado mais gente”, avalia.

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