Uma combinação de aquecedor elétrico e ar-condicionado expôs uma família de Passo Fundo (RS) a uma situação perigosa. Adriano Corbani, 39 anos, a esposa, Janaína Rogelin, 38, e a filha Lara Corbani, oito, foram encontrados quase desmaiados por terem usado os equipamentos para diminuir o frio. Como os três estavam em uma sala pequena, os aparelhos provocaram a saturação do ar. Por sorte, o marido conseguiu ter forças para pedir socorro pelo WhatsApp ao irmão Osvaldo Corbani, que acionou o 190.
Conforme Osvaldo, os três familiares passam bem. “Graças a Deus não foi nada tão grave, porque eles foram socorridos a tempo. O Samu disse que eles não tinham mais meia hora de vida cada um”, descreve o familiar.
Com o frio, parece convidativo deixar o aquecedor ligado durante a noite, mas fazer isso é extremamente arriscado. Quem diz isso é o sargento Osmar de Moraes, do 7.º Comando Regional da Brigada Militar de Passo Fundo. Foi essa unidade que atendeu, junto ao Samu, a família.
Conheça os tipos de aquecedores mais utilizados no inverno e os cuidados que é preciso ter
Um dos aquecedores mais perigosos é o que utiliza gás natural. Quando a queima do fluido não é perfeita, ocorre a combustão e a liberação de monóxido de carbono. Inflamável, sem cor ou cheiro, esse gás é um “assassino silencioso”. Mas o problema aqui só ocorreria se o aparelho estivesse mal instalado.
“Aquecedores com um botijão embutido podem ser comparados a uma bomba. Já os aparelhos do tipo junker são mais seguros, a menos que a instalação seja malfeita “, explica o especialista em energia e eficiência elétrica Paulo Roberto Wander, que também é professor do mestrado em Engenharia Mecânica da Unisinos.
Aquecedores elétricos, mesmo que utilizem cerâmica ou óleo, parecem inofensivos. No entanto, associados ao ar-condicionado, podem elevar muito a temperatura de um ambiente – principalmente se a área for pequena. Para Marcelo Gazzana, chefe do serviço de pneumologia e cirurgia torácica do Hospital Moinhos de Vento, o ideal é que a temperatura não passe de 24°C e que o ambiente esteja ventilado.
“Aquecer demais um lugar pode levar à queda de oxigenação. Isso faz a pressão sanguínea baixar, o que leva à vasodilatação, ao desmaio e ao vômito. Se a pessoa tem problemas respiratórios ou cardíacos, a situação pode ser agravada”, afirma.
Mito
A ideia de que basta uma bacia de água ou toalha molhada no ambiente para evitar o perigo é mito, segundo Moraes:
“Isso apenas umidifica o ambiente, mas não traz de volta o oxigênio. É preciso deixar uma porta aberta ou uma fresta na janela, porque deve haver algum lugar por onde o ar possa entrar. O ideal é nunca dormir com o aquecedor ligado. Ligar meia hora antes de dormir já aquece o ambiente e elimina esse risco”, diz.
Conheça os tipos de aquecedores mais utilizados no inverno e os cuidados que é preciso ter ao mantê-los em casa:
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