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Assassino confesso de cartunista pede pena maior à juíza em interrogatório

A frase “me condena a 30 anos porque 10 é pouco” quebrou o silêncio durante um rápido interrogatório no Fórum Desembargador Fenelon Teodoro Reis, em Goiânia, na manhã desta terça-feira (25). Ela foi proferida pelo estudante de Psicologia Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, 27 anos, em uma audiência de instrução e julgamento sobre duas mortes, ocorridas há um ano, na cidade. Cadu, que nega ter atirado nessas duas vítimas, confessou ter matado o cartunista Glauco Villas Boas e o filho dele, Raoni, em 2010.

Depois de passar sorridente pelo corredor do Fórum, cercado por jornalistas, ele ficou sentado em frente à magistrada Bianca de Melo Cintra, da 5ª Vara Criminal de Goiânia, onde continuou sorrindo. Interrogado, se recusou a responder à maioria das perguntas feitas por ela, pelo promotor de Justiça, Fernando Braga Viggiano, o assistente de acusação e até pela defesa. “Nada a declarar” e “não me lembro” foram as principais frases do rapaz.

Porém, ao ser questionado sobre os crimes de homicídio, ele negou que tivesse atirado e confirmou somente que dirigiu o veículo roubado do estudante Mateus Pinheiro de Morais, de 21 anos, uma das vítimas. A outra vítima foi o agente prisional Marcos Vinícius Lemes, de 45 anos. Os dois foram baleados no intervalo de um dia por assaltantes que queriam os carros em que estavam. Câmeras de segurança ajudaram a identificar Cadu. Na ação que motivou a audiência desta terça ele responde por duplo latrocínio, receptação e porte ilegal de arma de fogo.

Após o interrogatório, a defesa requereu uma avaliação por psiquiatra indicado pela família, falando em agravamento da enfermidade mental do rapaz, o que foi rechaçado pela promotoria.

Pediu também o seu encaminhamento a uma clínica psiquiátrica para tratamento adequado. Já o Ministério Público solicitou que a Polícia Civil complemente as investigações para revelar quem agiu com Cadu nos dois latrocínios e quem deu a ordem. A juíza Bianca Cintra deve decidir sobre os pedidos em dez dias.

‘Gasparzinho’

Durante o interrogatório, que foi fechado e durou cerca de uma hora, Cadu pediu uma pena mais dura quando foi questionado sobre o fato de ter colocado fogo no colchão da cela em que estava preso. O incidente aconteceu no dia 27 de julho deste ano e lhe custou uma medida disciplinar de isolamento e suspensão de visitas.

Conforme divulgado pelo Tribunal de Justiça de Goiás, no interrogatório, frases como “eu morei com o Gasparzinho” e “meu pai é amigo do Cebolinha” foram ditas por Cadu ao ser questionado sobre onde ele vivia antes de ser preso e sobre o seu pai. O acusado também não respondeu ao ser indagado pelo promotor Viggiano sobre uma carta que ele teria escrito dentro do Núcleo de Custódia. “Eu não escrevi a carta, foi o Chico Xavier”, respondeu.

Trechos dessa carta, que foi apreendida, ajudaram a concluir que Cadu é capaz de responder na Justiça por seus atos, mudando os rumos do caso, pois o estudante chegou a ser solto porque tinha sido considerado inimputável, com um diagnóstico de esquizofrenia paranoide. Na carta, ele dizia a outro preso: “Eu vou dar munição para o promotor. Que esse papo de loko (sic) é tudo 171 (estelionatário, enganador)” e “eu sou é bandido”.

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