Na BR-277, em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, pedestres se arriscam na travessia, apesar de haver uma passarela a alguns metros de distância| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Perigo no Jardim Rondinha

Atravessar a BR-277 no Jardim Rondinha, nas redondezas do Colégio Bom Jesus em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, exige uma dose de atenção e coragem. Todos os dias os moradores da região são obrigados a se arriscar para atravessar a pista, já que não há passarela no local. "É muito perigoso. Neste ano já houve uma pessoa atropelada aqui", aponta a presidente da Associação dos Moradores do Jardim Rondinha, Alzira Blind.

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Moradores pedem calçada e passarela

Moradores do conjunto habitacional à beira da PR-545 reclamam da falta de calçada e da distância entre as passarelas. No lado oposto ao do acidente, não há calçada e o acostamento é pequeno. A passarela mais próxima do local do atropelamento está a cerca de 500 metros.

A Secretaria Estadual de Obras deve enviar nesta semana ao governador Roberto Requião projeto para a construção de uma nova passarela, perto da linha férrea. Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, o projeto está pronto desde o ano passado, mas até agora não foi licitado. A previsão é que custe cerca de R$ 500 mil.

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A morte de uma mulher e da filha de dois anos em Londrina entrou para a estatística que demonstra que os atropelamentos são a segunda causa de morte nas estradas do Paraná. Levantamento mais recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que em 2007 as mortes por esse tipo de acidente só perderam para os óbitos em colisão frontal, que foram 94. Dos 353 atropelamentos registrados naquele ano (quase um por dia), houve 89 mortes. A média é de uma morte a cada quatro atropelamentos. O Batalhão de Polícia Rodoviária da PM não forneceu à reportagem as estatísticas das rodovias estaduais.

As características do acidente com a família de Londrina, atropelada às margens de uma estrada de rodagem estadual (leia mais nesta página), enquadram-se no perfil de que a maior parte dos atropelamentos nas rodovias (74,2%) ocorre de noite. Do total dos 353 registros em 2007, 262 ocorreram no período noturno. "O horário mais grave é justamente no começo da noite, horário em que as pessoas estão retornando do trabalho ou da escola para casa", explica o inspetor Fabiano Moreno, chefe da Comunicação da PRF no Paraná. Outros horários graves, aponta o inspetor, são no começo da manhã e na hora do almoço. "Nesses horários as pessoas também estão em circulação", explica.

Moreno considera que a responsabilidade nos atropelamentos em estradas está dos dois lados. Tanto motoristas quanto pedestres têm culpa.

Conforme explica o policial, o motorista muitas vezes não respeita os limites de velocidade em trechos urbanos das rodovias. "Muitos condutores têm a falsa ideia de que trecho urbano só existe nas grandes cidades. Mas se a rodovia corta uma comunidade pequena, esse trecho também é urbano, já que há circulação de pedestres", ressalta.

O inspetor ressalta que uma série de outros cuidados podem ser tomados pelo motorista, como trafegar de dia com farol aceso. "Isso não ajuda apenas na visão do motorista, mas também contribui para que o veículo seja mais facilmente avistado pelos pedestres", explica.

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Áreas de risco

Já com relação aos pedestres, a principal falha está no tráfego em áreas de risco. "Se o pedestre trafegar em locais apropriados, como atravessar a pista pela passarela, ele não vai correr risco", ensina o inspetor da PRF. Como exemplo, ele cita o perímetro urbano da BR-277 entre Curitiba e São José dos Pinhais. Desde que a concessionária Ecovia instalou uma cerca de 10 quilômetros de extensão em 2006 para impedir a passagem de pedestres pela via, obrigando-os a usar as passarelas e trincheiras, nenhum atropelamento foi registrado no trecho. Antes, o número de atropelamentos chegou a 43 no ano 2000, com 9 mortes. Quando o pedestre não tem outra opção a não ser trafegar pelo acostamento, Moreno orienta as pessoas a usarem roupas claras para facilitar a visualização por parte do motorista e a andarem em fila indiana. "Nesse caso, ele tem que caminhar o mais longe possível da pista", ressalta.