Um novo artigo científico, publicado na noite desta quinta (7) na revista científica “The Lancet”, relata lesões oculares em três bebês brasileiros com suspeita de microcefalia causada pelo vírus zika.
Entre as lesões encontradas estão a atrofia da retina causada por um desenvolvimento anormal do olho, explica o oftalmologista e professor da Unifesp Rubens Belfor Jr., um dos autores do estudo.
A região da mácula, responsável pelo centro do visão, onde se vê com detalhes, estava afetada nos três bebês examinados. Eles – duas meninas e um menino – nasceram com perímetro cefálico de em torno de 28 cm. Com uma medida de 32 cm, já há um risco elevado de microcefalia, segundo o Ministério da Saúde.
Os pesquisadores estimam que cerca de 30% dos bebês com microcefalia causada pelo zika tenham prejuízos oculares, que podem levar à cegueira de um ou dos dois olhos. Segundo Belfort, as lesões oculares podem ser importantes para a identificação clínica da doença, mesmo nos bebês que tenham nascido com um perímetro cefálico maior que 32 cm e cujas mães tenham risco de ter sido infectadas pelo zika.
As três mães também foram avaliadas e não apresentaram alterações. Uma delas disse ter tido vermelhidão na pele e dor nas articulações no primeiro trimestre da gravidez -período em que há intensa formação do tecido nervoso no feto e quando há maior susceptibilidade das células nervosas ao ataque do vírus.
Os pesquisadores, da Fundação Altino Ventura, do departamento de Oftalmologia da Unifesp e do Hospital de Olhos de Pernambuco, escreveram que as três mães foram testadas para toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, sífilis e HIV. Todos esses testes deram negativo, permitindo que se assumisse que elas foram infectadas pelo zika.
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