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Julgamento do Caso Isabella

Casal Nardoni será interrogado nesta quinta; termina 3.º dia de julgamento

Veja quem são os principais envolvidos no julgamento do Caso Isabella |
Veja quem são os principais envolvidos no julgamento do Caso Isabella (Foto: )

Depois de o advogado de defesa Roberto Podval dispensar oito das dez testemunhas nesta quarta-feira (24), o foco do julgamento vai finalmente se voltar a Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, que serão interrogados nesta quinta-feira (25), no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo. O interrogatório do casal Nardoni deve ser retomado às 9h, mas ainda não há definição sobre quem falará primeiro. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça havia informado que o interrogatório seria realizado ainda nesta quarta, mas o juiz Maurício Fossen decidiu que o procedimento acontecerá nesta quinta, já que há previsão que ele dure todo o dia.

O juiz também decidiu voltar atrás na decisão de não permitir a acareação dos réus com a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira. Para garantir "ampla defesa", ele não descartou uma acareação nesta quinta. Com isso, Ana Carolina segue como testemunha e vai continuar no fórum incomunicável. "Pelo novo procedimento do Tribunal do Júri não é cabível a acareação, mas pelo princípio constitucional, o que rege é a plenitude de defesa. Revejo minha decisão e defiro o pedido da defesa mantendo Ana Carolina Oliveira no Fórum até o fim do interrogatório dos réus para eventual acareação", disse Fossen.

Depois do interrogatório do casal, pode haver o pedido de leitura das peças ou passar direto para a fase de debates, com a fala da acusação e da defesa. A princípio, cada uma das partes tem duas horas para a explanação, que pode ainda ter réplica e tréplica.

Só então o conselho de sentença se reúne para votar os quesitos e determinar o veredicto - absolvição ou condenação. Na sequência, o juiz lerá a decisão dos jurados em plenário e, em caso de condenação, estabelecerá a pena.

Escrivão e jornalista prestam depoimento pela defesa

O escrivão de política Jair Stirbulov, do 9º distrito policial, prestou depoimento no fim da tarde desta quarta. Ele terminou de falar às 18h e foi a última testemunha a ser convocada pela defesa.

Questionado pelo advogado de defesa do casal, ele negou que policiais tenham comido algo no apartamento no dia seguinte ao crime. "Eu tenho 40 anos de serviço e fiquei muito chateado com aquela situação", afirmou, ao dizer que não comeu ovos de Páscoa ou tomou café no apartamento.

Ele afirmou que conduziu Anna Carolina Jatobá até o imóvel na manhã do domingo, dia seguinte à morte de Isabella. Ela ainda era considerada vítima. "Pediram para que eu conduzisse a Anna Carolina, então vítima, para dizer se havia sido roubado algo [do local]", contou. Segundo ele, ninguém retirou o telefone celular da madrasta durante o percurso até o apartamento.

Antes dele, o jornalista Rogério Pagnan, do jornal Folha de S.Paulo, prestou depoimento que terminou por volta das 17h35. Na época da morte da menina, ele fez uma entrevista com o pedreiro Gabriel Santos, em que ele afirmava que uma pessoa havia arrombado uma obra vizinha ao edifício London na noite da morte da menina.

Durante o testemunho, Pagnan foi apontar para um local do edifício London e quebrou parte da maquete.

Perita diz que marcas em camiseta comprometem pai

A perita Rosângela Monteiro, do Instituto de Criminalística (IC) disse em depoimento à Justiça que as marcas de poeira na camiseta do réu Alexandre Nardoni só podem ter sido causadas pela pressão de seu corpo contra a tela que protegia a janela por onde o corpo da menina Isabella Nardoni foi jogada. Segundo a perita, testes feitos com a tela original e com um modelo da mesma altura e peso de Alexandre comprovaram que as marcas só ficariam impressas na roupa se a pessoa estivesse segurando um peso de, no mínimo, 25 quilos.

"As marcas não foram produzidas por alguém que simplesmente passou a cabeça pela tela", afirmou Rosângela ao júri. A perita foi ouvida pelo juiz Maurício Fossen e pelos sete jurados desde a metade da manhã desta quarta. O interrogatório dela teve continuidade no início da tarde, às 13h12, após a interrupção da sessão para um intervalo de uma hora. Assim que o julgamento for retomado, Rosângela foi questionada pelo advogado dos réus, Roberto Podval.

Famílias Nardoni e Oliveira ficam separadas no plenário do júri

Dentro do plenário do júri, as famílias Nardoni e Oliveira estão separadas por apenas oito poltronas. Os avós paternos e maternos de Isabella não se olham, em momento algum. Preferem olhar fixamente para frente, onde se desenrola o julgamento, com a presença do casal. Estão acompanhados por poucos familiares, e evitam esboçar qualquer reação, seja diante de intervenções da defesa ou da acusação.

José Arcanjo e Rosa Maria Oliveira, os avós maternos de Isabella, passam boa parte do tempo de mãos dadas, sentados na segunda fila do pequeno plenário do Fórum de Santana. Com tatuagem de uma estrela ao lado do nome Isa, no antebraço esquerdo, Rosa chorou nesta quarta quando a perita Rosângela Monteiro descreveu o momento em que a garota teria sido jogada do sexto andar. O avó paterno, Antônio Nardoni, levou a mão ao rosto, também parecendo incomodado com a imagem descrita naquela hora.

Mesmo quando se cruzam, eles não se cumprimentam. A irmã de Alexandre, acompanhada de uma amiga, vai à frente da plateia para tentar passar uma mensagem ao irmão. Coloca a mão no peito, olha fixamente para o local onde o casal está, mas não consegue atenção. Comenta com a amiga: "Ele está muito tenso", diz ela, voz baixa, ao lado da primeira fila, reservada aos jornalistas.

Réus demonstram apreensão

Alexandre Nardoni pouco muda as feições do rosto. Permanece quase todo o tempo apoiando a cabeça, com a mão no rosto e cotovelo cravado no meio da coxa. Atento, olha diretamente para o rosto de quem está falando, até mesmo quando surgem dúvidas para o estenotipista, funcionário responsável por registrar os depoimentos. Nesta quarta, ele chamou o advogado ao menos sete vezes para conversar sobre detalhes dos depoimentos prestados durante o julgamento.

Anna Carolina Jatobá, com cabelo preso num rabo de cavalo, sapatilha fora dos pés, mostra mais inquietação. Lança o corpo para frente e para trás a todo instante, mas mantém os braços cruzados sobre as pernas. Sentados lado a lado, sem qualquer separação, os dois não se olham. Em momento algum. Trocam palavras apenas com advogados e assistentes da defesa.

Alexandre, usando óculos de grau, chega a esboçar um leve sorriso num rápido intervalo entre os depoimentos. Foi quando ele pediu para que um policial abaixasse e apontou para ele a máquina suada pelo estenotipista. Impossível ouvir o comentário entre eles.

Jurados mostram cansaço

Na mesma sala, os jurados não escondem o cansaço de três dias de julgamento. Um deles, rapaz com cerca de 25 anos de idade, apoia a cabeça no encosto da cadeira e fecha os olhos por alguns minutos. Um outro, de aproximadamente 40 anos, boceja três vezes em meia hora. Porém nesta quarta, eles fizeram várias anotações e se mostraram interessados em saber detalhes do processo.

Quatro mulheres e três homens compõe o júri do Caso Isabella. Ao todo 40 pessoas foram convocadas pela Justiça para o sorteio do júri, mas apenas 28 compareceram na segunda-feira. Na escolha dos jurados, dois deles foram recusados: uma mulher pelo Ministério Público e outra pela defesa dos réus.

2.º dia de julgamento

O segundo dia de julgamento do casal Nardoni terminou às 19h30 de terça (23). O terceiro e último depoimento foi do perito baiano Luiz Eduardo Carvalho Dórea, que durou cerca de 30 minutos apenas. As outras duas testemunhas ouvidas foram o médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alves, ouvido por três horas, e a delegada Renata Pontes, que foi interrogada pela manhã. A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira prestou depoimento nesta segunda.

1.º dia de julgamento

O primeiro dia do julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá terminou às 21h55 na segunda (22). A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, como testemunha de acusação do casal Nardoni, se emocionou por pelo menos quatro vezes ao relembrar da menina recebendo atendimento médico e disse que nunca mais conversou com Alexandre Nardoni desde o crime. Uma das juradas também não conseguiu segurar as lágrimas durante o depoimento, quando a mãe falava sobre o momento em que foi ao hospital após a queda e ficou sabendo da morte da menina.

Durante o depoimento, Ana Carolina contou que namorou Alexandre durante um ano e dois meses. Eles terminaram, voltaram um tempo depois e, em dois meses, ela estava grávida de Isabella. O relacionamento acabou de vez quando a menina tinha 11 meses, por uma suspeita de traição. A bancária chegou a ir até a porta da casa do pai de Isabella de madrugada para verificar se ele estava lá.

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