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Polícia Federal

Chefe da Anac de Foz e policial aposentado são presos acusados de ligação com Abadia

Lázaro Ramos e Pedro Fonda em cena de "O Cobrador" | Divulgação/Festival de Cinema de Gramado
Lázaro Ramos e Pedro Fonda em cena de "O Cobrador" (Foto: Divulgação/Festival de Cinema de Gramado)

Dez dias depois da prisão do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, em São Paulo, a Polícia Federal (PF) começa a desvendar o grande esquema montado pelo traficante para manter sua rede de drogas no exterior e de lavagem de dinheiro no Brasil.

Parte deste esquema foi desmantelado nesta sexta-feira em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, com a prisão de Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol, chefe da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em Foz, e de um policial federal aposentado - que não teve o nome divulgado. A PF chegou até eles depois de tomar o depoimento do piloto gaúcho André Barcelos - o contato principal de Abadia no Rio Grande do Sul.

Agentes da PF em Foz e de São Paulo, deflagraram nesta sexta a segunda fase da "Operação Farrapos". Duas pessoas foram presas acusadas de facilitar a vida de Abadia e de alguns integrantes da quadrilha para entrar e sair do Brasil sem preocupações. Ângelo Reinaldo Fernandes Cassol foi preso em casa no início desta manhã - ele é suboficial da Aeronáutica e chefe do escritório da Anac em Foz.

As investigações da PF mostram que Cassol recebia documentos de Abadia e de pessoas ligadas à quadrilha. O papel dele no esquema era relativamente fácil para o cargo que ocupava. Era Cassol o responsável por fornecer, em troca de dinheiro, documentação falsa para a quadrilha - basicamente passaportes e vistos de permanência no Brasil.

Para conseguir a falsa documentação, Cassol tinha ao seu lado um policial federal aposentado. Ele foi detido por volta de 12h dentro da Delegacia da PF em Foz enquanto conversava com outros agentes sobre a "Operação Farrapos" e a prisão de Cassol. Até então, a justiça de São Paulo não tinha expedido mandado de prisão contra o policial aposentado.

O policial aposentado, segundo a investigação da PF, recebia os documentos de Cassol e emitia os passaportes falsos e os vistos sem levantar a suspeita da Polícia Federal. O colombiano dependia do trabalho dos dois em Foz para revalidar os vistos de entrada e saída do Brasil, sem que precisasse viajar. Foi dessa forma, ainda de acordo com a PF, que Abadia conseguiu viver no Brasil por mais de três anos - parte deste tempo morado em Curitiba.

Além dos dois mandados de prisão, a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão. Os agentes estiveram na casa de Cassol e no escritório dele no aeroporto de Foz, e na agência de turismo da mulher do chefe da Anac. Foram recolhidos documentos e computadores. A PF esteve também na casa do policial federal aposentado e no escritório dele, mas nada foi apreendido.

Cassol e o policial embarcaram num avião da Coordenação de Aviação Operacional (CAOP) da PF com destino a São Paulo, onde toda a investigação sobre Abadia é concentrada. O avião fez uma pequena parada em Curitiba para o embarque de um agente da PF de Curitiba. Durante o vôo, os dois negaram envolvimento com o traficante colombiano. Prisões no Paraná

Com as prisões da manhã desta sexta-feira (17), aumentam para cinco o número de pessoas detidas no Paraná que têm ligação com a quadrilha do traficante colombiano. No dia 7 de agosto, três pessoas foram presas em Curitiba num hotel do Centro da cidade. O trio era a célula do esquema de Abadia no Paraná - eles eram responsáveis pela lavagem de dinheiro do traficante em Curitiba.

Abadia é apontado pela PF como um dos traficantes mais procurados do mundo e suspeito de ser o mandante de 300 homicídios na Colômbia e 15 nos Estados Unidos. Apesar do pedido dos norte-americanos para extraditar Abadia, ele permanece desde sábado (11) numa das celas da penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A reportagem da Gazeta do Povo Online não conseguiu contato com a Aeronáutica para comentar a prisão do suboficial. A assessoria de imprensa da ANAC informou por telefone que se pronunciaria sobre as prisões até o fim da tarde de sexta-feira, mas até as 19h50, ainda não o tinha feito.

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