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A Polícia Civil utilizou mais de 250 agentes para levar o chinês naturalizado brasileiro Liu Chang Hong à Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio, onde ele reconheceu o local em que foi mantido em cativeiro por quase 28 horas, após ser levado na manhã de sábado (16) por criminosos junto com outros dois chineses e um diplomata vietnamita, em uma falsa blitz, na estrada das Paineiras. O motivo para o crime permanece um mistério para a polícia fluminense. A favela já estava ocupada pelo Batalhão de Operações Especiais, o Bope, desde a tarde de segunda-feira (18) e não houve confrontos.

"O local do cativeiro foi encontrado, alguns bens foram apreendidos e a carcaça queimada de um dos veículos utilizados foi recuperada. Tudo será periciado", disse o delegado-titular da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista, Fernando Veloso Entre os itens apreendidos estão espelhos com digitais que serão comparadas com as impressões dos suspeitos já identificados.

Veloso avaliou que o cenário encontrado na favela confirma a veracidade do depoimento dos estrangeiros. O chinês contou à polícia que as vítimas ficaram na favela dentro de um carro até 3 horas da manhã, foram retirados vendados para o cativeiro e fugiram no domingo às 14 horas. Os reféns ficaram em um buraco dentro de um casa em construção, sem portas, janelas ou teto. A entrada era fechada por uma caixa d'água cheia de tijolos.

"Os quatro fugiram juntos. Foi uma proeza. Não vislumbro a facilitação de fuga", disse o delegado. Veloso reconheceu que não houve avanço sobre os motivos que levaram traficantes da Vila Cruzeiro a cruzar a cidade e seqüestrar trabalhadores chineses na zona sul. No entanto, uma nova linha de investigação tomou força. O crime teria sido cometido por milicianos que entregaram os estrangeiros aos traficantes da Vila Cruzeiro. O ato seria uma ameaça para que a empresa em que eles trabalhavam - a Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz, zona oeste - pagasse proteção.

A ligação entre milicianos e traficantes da Vila Cruzeiro é antiga. Em setembro de 2000, dois cabos eleitorais do vereador Jerominho, atualmente preso, foram detidos junto com o traficante Levi Batista da Penha, o Baby, em um almoço na churrascaria Boizão, em Campo Grande, zona oeste da cidade. Mesmo na prisão, o traficante deu ordens para que na favela só a propaganda política de Jerominho fosse permitida.

A polícia encontrou em outro barraco, na mesma localidade do cativeiro, conhecida como Vacaria, meia tonelada de maconha, caixas de cerveja, giroscópios de carros da polícia e um Vectra roubado, além de várias motos sem documentação. Uma central de distribuição de sinal de TV a cabo foi descoberta junto com uma câmera, que monitorava o movimento nas ruas da favela.

A Polícia Federal informou nesta terça-feira (19) que os chineses estão em situação regular no Brasil.

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