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Águas de junho

Chuva afeta 106 mil pessoas em todo o Paraná

Na região de Guarapuava, às margens do Rio Jordão, casas estão submersas e a situação ainda deve demorar para ser normalizada | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Na região de Guarapuava, às margens do Rio Jordão, casas estão submersas e a situação ainda deve demorar para ser normalizada (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
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Agentes da Defesa Civil ainda contabilizavam ontem os prejuízos causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado no fim de semana. Estima-se que seja a maior tragédia da história do estado em número de pessoas e cidades afetadas. No último balanço divulgado ontem, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil contabiliza 106 mil pessoas afetadas, em 124 municípios, além de 8 mil imóveis danificados e 7.849 pessoas desalojadas.

Ao todo, o governador Beto Richa declarou estado de emergência para 77 municípios e deve incluir, ainda hoje, outros 50 na mesma categoria – inclusive Curitiba, cidade com maior número de atingidos e São José dos Pinhais. São Miguel do Iguaçu e Ortigueira também declararam, por conta própria, estado de emergência. O governo estadual ainda não divulgou uma estimativa financeira dos prejuízos registrados até agora no estado.

Pelo interior, as chuvas comprometeram plantações, derrubaram barreiras e pontes, causando mais de 40 pontos de interdição nas estradas, e comprometeram o fornecimento de água e luz. Entre os números da tragédia, há seis desaparecidos e nove mortos. Um deles é o jovem de 26 anos, Leandro Borodiak. Ele desapareceu no sábado, quando se juntou a um grupo de voluntários. "Ele estava ajudando a tirar todo mundo até 3 da manhã, depois voltou para casa, para retirar as coisas dele. Aí encontraram o corpo lá perto", lamenta Adilson Falcão, voluntário da Pastoral Familiar.

No Centro-Sul, o prefeito de Mallet, Rogério da Silva Almeida, considerou que a enchente foi a "pior da história" do município. Segundo ele, 274 casas foram inundadas e algumas famílias estão abrigadas no ginásio municipal. Almeida relatou prejuízos para pelo menos 18 empresários, que tiveram pontos comerciais inundados e perdas em aviários e barracões de fumo. "Só um produtor perdeu 30 mil frangos", comentou.

Prevenção

Atualmente, o Paraná não tem um sistema ideal para prevenir desastres como o desse fim de semana. Hoje, nenhuma equipe de prevenção de desastres no Paraná consegue tomar medidas específicas quando recebe um alerta de chuvas intensas. Não há um mapa suficientemente preciso de quais áreas serão afetadas. "Dizer que vai chover 150 milímetros em Curitiba não significa muita coisa. O ideal é saber o que o volume de água representa em uma determinada região, de acordo com o comportamento do rio, por exemplo, e conhecer quais locais precisam ser evacuadas e em quanto tempo", explica o capitão Eduardo Gomes Pinheiro, da Defesa Civil do Paraná. Esse levantamento está em curso e deve ficar pronto em dois anos, conta Pinheiro. O mapeamento está sendo realizado pela Mineropar e pelo Águas Paraná. O projeto, orçado em R$ 30 milhões, inclui a instalação de Centro Estadual de Gerenciamento de Risco.

Quatros pequenas hidrelétricas foram inundadas

Kátia Brembatti

O Rio Iguaçu invadiu a casa de força de quatro Pequenas Centrais hidrelétricas (PCHs) – Mourão, Salto do Vau, Cavernoso I e Cavernoso II – e comprometeu o funcionamento das usinas, pertencentes à Copel. A água não chegou a extrapolar o limite das barragens. Os prejuízos ainda não foram calculados, até porque não se sabem quantos e quais equipamentos foram danificados. A previsão do setor de manutenção é de que elas devam ficar cerca de seis meses sem funcionar, contudo, como geram pouca energia, não devem comprometer o abastecimento. Já a queda de produção é uma perda a ser calculada pela empresa. A Copel também teve prejuízos no canteiro de construção da usina de Baixo Iguaçu, nos municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques. Máquinas foram danificadas ou levadas pela água.

União da Vitória

A cidade vive um momento de tensão: preventivamente, mil famílias foram retiradas das casas em União da Vitória, no Sul do estado. Como as chuvas foram espalhadas em vários pontos do Rio Iguaçu, não houve concentração da cheia e o Iguaçu está subindo mais lentamente do que em outras enchentes. Quando o nível do rio atinge 5 metros, a cidade já entra em estado de alerta. No fim da noite de ontem, subindo vários centímetros por hora, o Iguaçu já havia passado dos 7,5 metros. A estimativa é que se estabilize ao chegar em 7,9 metros.

Isolados

A Serra da Esperança, entre Prudentópolis e Guarapuava, está interditada após um deslizamento. O bloqueio impede o acesso de quem se desloca da capital à Região Oeste do estado. O município de São João do Triunfo também segue isolado pela queda de duas pontes. Na PR-151, no sentido de Palmeira, moradores improvisaram uma passarela de madeira para o acesso à cidade. O Exército de Porto União (SC) vai averiguar a possibilidade de construir uma ponte metálica no local. Irati, com 2 mil pessoas afetadas, também ficou isolada no fim de semana em função do alagamento de um trecho da BR-277. A situação foi normalizada ontem.

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