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Cientistas descobrem imenso recife na foz do Rio Amazonas

Imagem de satélite mostra local onde fica o recife | Modis/Nasa
Imagem de satélite mostra local onde fica o recife (Foto: Modis/Nasa)

Um imenso recife, com quase 10 mil quilômetros quadrados, acaba de ser encontrado na foz do Rio Amazonas. A descoberta, publicada na semana passada na revista Science Advances, é considerada surpreendente pela localização e pode mudar o entendimento científico sobre essas estruturas. Diferente dos típicos corais tropicais, o recife está numa região com pouca luminosidade, quase sem fotossíntese e oxigenação extremamente baixa.

Os cientistas seguiram pistas descritas em 1977 sobre a captura de peixes coloridos, típicos de recifes, na plataforma continental do Amazonas. A região do encontro das águas do rio com o Oceano Atlântico, é considerada improvável para a presença de corais, pois a pluma altera a salinidade, o pH, a penetração de luz e sedimentação.

“Nós encontramos um recife onde os livros dizem que não deveria existir um”, disse o coautor do estudo Fabiano Thompson, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à National Geographic.

Eles tinham em mãos um velho mapa, desenhado a mão, que tornou os modernos equipamentos de GPS ineficazes. Por isso, as buscas foram realizadas com sonares e a coleta de amostras confirmou a descoberta.

“Nós coletamos os animais mais coloridos e fantásticos que eu já vi uma expedição”, disse a líder do estudo Patricia Yager, da Universidade da Geórgia, nos EUA.

As análises ainda são preliminares, mas é provável que os micro-organismos que prosperam com os sedimentos da pluma do Amazonas podem fornecer a conexão entre o rio e o recife.

“O estudo não é apenas sobre o recife, mas sobre como a comunidade do recife muda enquanto você viaja ao Norte ao longo da plataforma, como resposta à quantidade de luz que a região recebe sazonalmente pelo movimento da pluma”, disse Patricia. “No extremo sul, ele recebe mais exposição à luz, então muitos dos animais são mais típicos de recifes de corais e organismos que fazem a fotossíntese para se alimentar. Mas ao se mover para o norte, isso se torna menos abundante, e acontece a transição dos corais para esponjas e outros construtores de recifes que parecem se alimentar dos sedimentos da pluma do rio”.

Em risco

Apesar de recém-descoberto, o recife já sofre com ameaças da ação humana. Cerca de 35 seções da plataforma continental na região foram adquiridas por companhias de petróleo, sendo que até 20 devem iniciar a exploração em breve em áreas próximas ao recife.

“Da acidificação e aquecimento dos oceanos aos planos para exploração de petróleo, todo o sistema está em risco do impacto humano”, alertou Patricia.

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