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Hoje escrevo sobre algumas construções de que não gosto. Trata-se de idiossincrasias e não do que é certo e errado na nossa língua. Os exageros devem ser postos na conta da forte gripe que me derrubou semana passada.

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Uma matéria sobre as maravilhas de algumas plantas medicinais começava assim: "Você sabia que um simples chá feito a partir das folhas da hortelã pode te ajudar a perder peso"?

Não sabia. E se eu perder mais peso simplesmente me desintegro. O que me deixou curioso foi o uso de "a partir de": chá feito a partir de. Por que usar a locução "a partir de" quando o bom senso nos manda simplesmente escrever "chá feito das folhas"?

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Outro exemplo de "a partir de" que causa irritação: "Atenção: as aulas começam a partir das 19 horas". Afinal de contas, a que horas começam as aulas? Se for às 19 horas, é só contar a verdade: as aulas começam às 19 horas. Por que tanto mistério? Mais um exemplo do que li semana passada: "A blusa é feita a partir de uma lã especial". Qual é a função de "a partir de" nessa construção?

Outra coisa que me irrita é uso livre, leve e solto de "junto a". Há trilhões de exemplos, mas fiquemos com este: "O governo busca apoio junto à oposição para aprovar o projeto". Acho que o governo teria mais sucesso se buscasse o apoio "da" oposição. O "junto a" pode implicar negociatas com o dinheiro do contribuinte.

Também me deixa desnorteado o uso de "enquanto" em construções do tipo "Eu, enquanto sociólogo, compreendo que a questão é mais complexa". Esta aqui é de doer: "Nós, enquanto seres humanos, somos responsáveis pelo meio ambiente". Ora, não podemos ser outra coisa que não seres humanos.

Finalizo com um jargão insuportável em textos acadêmicos: "vai no sentido". Eis um exemplo: "Este artigo vai no sentido de demonstrar que a criança não é um adulto em miniatura". Não é mesmo. E é isso que o artigo "procura" (tenta) demonstrar. Ou simplesmente demonstra.

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