Esquerda Sem Vergonha; Direita Desavergonhada

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Na qualidade de presidente terceirizada, Dilma Rousseff tem lá suas carradas de motivos para sonhar com a reforma política, quem sabe a tábua de salvação deste seu melancólico e trêfego governo. Para começar, ela deveria fazer uma lipoaspiração no Congresso e, com algumas boas pedaladas, legalizar apenas dois partidos: a Esquerda Sem Vergonha (ESV) e a Direita Desavergonhada (DD).

Na Direita Desavergonhada seriam abrigados todos os partidos que hoje se dizem de centro, centro-direita, esquerda democrática, socialistas de fachada e demais direitistas enrustidos em siglas que hoje têm vergonha de revelar com quantas naftalinas conservam seus estatutos. Para o bem da democracia, os direitistas precisam sair do armário. Se soltar a franga, a Direita Desavergonhada será um dos maiores partidos políticos do Brasil, suplantando até a Arena do período da ditadura, graças ao desmedido esforço do PT em desqualificar a esquerda genérica.

Já os petistas da cepa – hoje sobrevivendo nas catacumbas dos opróbrios –, depois do surto de corrupção da alta cúpula, precisam liderar a criação da Esquerda Sem Vergonha, com o apoio da Esquerda Festiva, da Esquerda Funcionária, dos Intelectuais de Esquerda e dos Canhotos Amestrados. Da Esquerda Bunda Mole, por outro lado, os desgarrados da direita tucana precisam deixar de lado suas pequenas diferenças e deitar no sofá de um analista para perder o complexo de culpa.

Dilma deveria fazer uma lipoaspiração no Congresso e, com algumas boas pedaladas, legalizar apenas dois partidos

Para ilustrar melhor uma reforma política com o DNA de Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Dilma Rousseff, podemos utilizar como exemplo a criogenia, técnica de manter cadáveres congelados anos a fio para ressuscitá-los num tempo alhures. Se nos dias de hoje botarem na geladeira um brasileiro completamente desiludido com a democracia vigente, o resultado será surpreendente.

Daqui a 30 anos, ao acordar com aquele olhar de tainha no freezer, o desiludido vai perguntar aos cientistas: “Onde estou?”
“Em Curitiba.”
“Curitiba? Como vim parar aqui, se eu sou de Brasília?”
“Positivo. No entanto o clima de Curitiba é o mais colaborativo às pesquisas de criogenia.”
“Huuummm... em que ano estamos?”
“Ano de 2045.”
“Deixa eu me situar no tempo: quem é o técnico da seleção brasileira?”
“O Dunga!”
“Aqui no Paraná, quem está no poder?”
“O filho do Roberto Requião é o governador e a filha da Cida Borghetti é a vice.”
“O prefeito inaugurou o metrô?”
“Só a boate Metrô foi reinaugurada.”
“E o Beto Richa, morreu?” “Morreu para os professores. Como senador, está vivinho da silva, reeleito desde 2019.”
“O PMDB ainda existe?”
“Não só existe como é o maior partido do Ocidente!”
“E quem é o presidente do Brasil?”
“Jair Bolsonaro Neto presidente; Fábio Luís Lula da Silva Júnior vice.”

“Mais alguma informação, senhor?”
“A eutanásia já foi aprovada?”
“Liberada somente para eleitores terminais do PSDB e PT!”