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 | Montagem: Dante Mendonça
| Foto: Montagem: Dante Mendonça

Conta um motorista de táxi que, tempos atrás, um passageiro na Rodoferroviária de Curitiba pediu para ser levado à Polícia Federal, no bairro do Santa Cândida: “Quero pegar um autógrafo do Fernandinho Beira-Mar!”, disse o rapaz, com o sotaque ítaloeclesiásticogauchesco do Sudoeste do Paraná.

Entre outros benefícios, a Operação Lava Jato causou uma certa transformação no imaginário da nova geração. Nos últimos meses, os heróis são outros. São muitos os que descem em Curitiba na esperança de dar um abraço no juiz Sergio Moro, visitar a sede da Justiça Federal na Avenida Anita Garibaldi, ver de perto o temeroso prédio da Polícia Federal no Santa Cândida e até conhecer ao vivo o japonês bonzinho em uma de suas idas e vindas do Aeroporto Afonso Pena.

Neste período de férias o prefeito Gustavo Fruet deveria lançar a Linha Lava Jato

Sem contar que, numa estadia mais prolongada, é bem possível cruzar com a família de Marcelo Odebrecht no almoço domingueiro em Santa Felicidade. Ou, quem sabe, fazer uma selfie com o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, rodeado de admiradoras e dando autógrafos na Rua das Flores.

Por se tratar de um turismo autóctone, neste período de férias o prefeito Gustavo Fruet deveria lançar a Linha Lava Jato – semelhante à Linha Turismo, os ônibus que mostram do alto uma cidade que poucos curitibanos conhecem.

Basicamente, o roteiro da Linha Lava Jato poderia partir do aeroporto em direção ao Complexo Médico Penal de Pinhais, para fazer em seguida o trajeto até o Santa Cândida, com um japonês bonzinho de cicerone. Depois da galinha com polenta em Santa Felicidade, palestra sobre o crime organizado (“Nunca antes neste país”) na sede da OAB-PR e uma festiva parada na Avenida Anita Garibaldi, com as devidas saudações aos promotores, investigadores e demais colaboradores do juiz Sergio Moro. Sem abusar da nossa paciência, ao longo do passeio ninguém seria forçado a ouvir as costumeiras catilinárias político-partidárias.

Para o encerramento do roteiro cívico educativo da Linha Lava Jato, no Teatro Guaíra, a apresentação da ária Nessun dorma, da ópera de Puccini. E, como a noite é uma criança, celebração nos bares e restaurantes do setor histórico.

PS: O colunista sai de férias neste fim de ano e volta no dia 8 de janeiro.

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