Existe uma teoria de que o nome de nosso país não é uma referência ao pau-brasil, o primeiro produto explorado pelos europeus que aqui aportaram, no século 16. O Brasil teria sido assim batizado porque os navegadores achavam que as terras recém-descobertas faziam parte da mítica ilha de Hy Brazil, já descrita em lendas medievais irlandesas muito antes da chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral.

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Nas histórias que corriam de boca em boca, Hy Brazil seria uma das Ilhas Afortunadas, o verdadeiro paraíso terreno localizado a Oeste da Europa, no então temido Oceano Atlântico. Essas ilhas, segundo a lenda, foram visitadas por São Brandão, um santo navegador que viveu entre os anos 484 e 577. Ele as teria descrito como locais de vegetação exuberante e animais exóticos – relato, aliás, que coincide com as primeiras impressões que os navegantes europeus tiveram do Brasil.

A lenda conta ainda que a ilha era envolta por uma neblina quase eterna e que, toda vez que algum navegador tentava chegar a ela, Hy Brazil se afastava. O paraíso na Terra era inalcançável aos homens comuns.

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O Brasil acabou sendo descoberto, enfim. Mas a lenda da mítica ilha que anda parece ser uma alegoria de nossa sina. O objetivo que buscamos – uma nação que desenvolva o seu imenso potencial – parece sumir entre as brumas, como água escorrendo por nossos dedos. Neste ano, parecia que finalmente entraríamos em um processo de desenvolvimento sustentado. O PIB crescia a taxas satisfatórias. Passamos a ser uma nação em que a maioria da população entrou na classe média.

Mas, aí, veio a crise internacional... A sina de adiar o sonho nos atingiu de novo. Nos lembrou que somos o eterno país do futuro... um futuro que nunca chega. No fundo, é a mesma frustração dos aventureiros que buscavam Hy Brazil sem nunca alcançá-la.

Só nos resta continuar a navegar para encontrar um porto seguro, como fizeram nossos descobridores. E lembrar que, ainda que os desbravadores do Atlântico não tenham chegado ao tão sonhado Éden terreno, legaram à Humanidade um mundo completamente novo. Pode ser que ainda não seja nossa hora de entrar no mundo das nações desenvolvidas. Mas isso não nos impede de realizar feitos notáveis. É só continuar a navegar. Essa é a nossa sina.

Fernando Martins é jornalista.

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