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Fernando Martins

A misteriosa estrela de Belém

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Na Antigüidade, o céu era como se fosse o espelho do futuro. Diante da força de uma natureza indomável, olhava-se para as estrelas a fim de descobrir se o destino reservava sorte ou azar, fartura ou penúria. A luz em meio à escuridão da noite era um farol a guiar a fé dos povos. Tudo estava escrito no firmamento. Inclusive o anúncio de acontecimentos importantes e a chegada dos grandes homens. Foi atrás da misteriosa estrela de Belém, por exemplo, que seguiram os reis magos em busca do menino Jesus.

Aquele fabuloso fenômeno celeste entrou para a simbologia do Natal. Dois mil anos depois, ainda que nem percebamos, buscamos rememorar o astro que levou os reis magos à manjedoura de Cristo toda vez que enfeitamos nossas casas com luzes ou colocamos a estrelinha no alto do pinheiro.

Mas o que teria sido, enfim, a estrela de Belém? Ainda que os astrônomos possam traçar com precisão a trajetória dos astros, tanto para o futuro como para o passado, eles não sabem dizer com exatidão o que foi de fato aquele astro descrito na Bíblia. Basicamente porque a data correta do nascimento de Jesus é incerta. Pelos dados históricos disponíveis, estima-se que tenha sido entre 5 a.C. e 7 a.C. – e não no ano 1, como seria de se supor (um erro de cálculo teria causado essa distorção).

Várias hipóteses científicas apareceram ao longo dos tempos. Uma das teorias é de que a estrela de Natal teria sido um cometa. Chegou-se a supor que seria o cometa Halley. Mas essa possibilidade foi descartada. Ele passou pela Terra em 12 a.C., muito antes da data provável do nascimento de Cristo.

Outros astrônomos apostam que foi a luz da explosão de uma estrela que, por essa razão, brilhou intensamente por um tempo efêmero, mas suficiente para aparecer no firmamento por meses. Astrônomos chineses relataram o aparecimento no céu de uma "estrela nova", potencialmente resultado desse cataclisma espacial, em 5 a.C.

Há ainda quem aposte que foi uma conjunção celeste incomum entre os planetas Júpiter e Saturno, que somaram seus brilhos ao aparecerem na esfera celeste muito próximos uns dos outros. Em 7 a.C., esses planetas se aproximaram por pelo menos três vezes: em maio, setembro e dezembro. O curioso é que Júpiter, à época, era visto como a estrela dos reis e Saturno, dos judeus. A conjunção dos dois, portanto, anunciaria o rei dos judeus.

Fernando Martins é jornalista.

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