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Fernando Martins

A Rua 24 Horas e a decadência do centro

A Rua 24 Horas, recém-reformada pela prefeitura de Curitiba, tem apenas 120 metros de extensão. Mas é muito maior do que isso, dependendo do olhar que se lance sobre ela. Inaugurada em 1991, transformou-se logo cedo em uma atração turística e, principalmente, num ponto de encontro dos curitibanos. Mas, entrou em decadência. Nisso, se assemelha ao centro da capital. E não só a ele, mas às regiões centrais de um sem número de grandes cidades ao redor do planeta – uns mais outros menos, mas todos decadentes.

A 24 Horas é mais do que uma rua. É a síntese de um problema universal: a degradação dos centros das cidades. Se a solução encontrada pela prefeitura garantir a volta de seu brilho, será um modelo bem-sucedido de revitalização e um exemplo a ser seguido – inclusive em outras áreas decadentes de Curitiba.

Mas, antes de tudo, é preciso entender as razões da degradação de um espaço público. No caso particular da 24 Horas, talvez o motivo esteja em seu próprio sucesso inicial, que trouxe a semente de sua ruína posterior. Ao atrair muita gente interessada na novidade, vieram também os problemas: prostituição, mendigos, roubos, brigas entre frequentadores. E o poder público não os coibiu. Isso afastou as pessoas.

A chave da revitalização da 24 Horas está, portanto, em fazer com que ela simplesmente seja adotada de novo pela população e cuidada pelo poder público (ou pelo concessionário que vai explorá-la comercialmente). A solução estará em evitar a todo custo que o curitibano deixe de frequentá-la como fez no passado.

Afinal, as causas da decadência de espaços de convivência – pe­­que­­nos ou grandes, tal como uma única rua ou o centro inteiro de uma cidade – estão associadas ao abandono desses locais pela população em geral e pela elite em especial. Quando o dinheiro deixa de circular, o espaço se desvaloriza e entra em decadência. Por vezes, torna-se território da marginalidade. O poder público, não raras vezes, assiste passivamente a esse fenômeno. Isso quando não é ele próprio o causador da decadência, por ação ou omissão.

A mudança de sedes administrativas de prefeituras e governos estaduais, por exemplo, é um fator que, historicamente, acentua a degradação dos centros, bem como intervenções viárias desastrosas – o caso do Minhocão de São Paulo é um exemplo clássico. Não investir na acessibilidade, co­­m o trânsito cada vez mais saturado, por outro lado, também tem sido motivo para que as pessoas deixem de frequentar regiões centrais – principalmente se houver outras opções de lazer, compra e trabalho. A ausência de segurança proporcionada pelo Estado dá o golpe final nessa triste história dos centros urbanos.

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