Epônimo? Pois é, em recente reunião à beira da piscina, na mansão da Vila Piroquinha, Natureza Morta saiu-se com essa. Provocação para fundir a cuca do Beronha e demais convivas? Nem tanto, no primeiro caso, já que o nosso herói matou a charada:
Epônimo é o que dá ou empresta o nome a algum local ou coisa. Sacou?
E, para aumentar o espanto que já era geral, citou Tancredo Neves, mais precisamente a "diverticulite de Merkel", que impediu a sua posse como presidente, em 1985. Um epônimo que quase derrubou a transição política.
De fato. E foi um sufoco, um drama para todos os brasileiros, inclusive para a indormida imprensa. Tenho um colega que até hoje sofre a síndrome da musiquinha do plantão da Globo tã, tã tã, tã tã tã, tã tã tã...
Na época, a rapaziada ficava ligada nas notícias de última hora. Nervos à flor da pele. É, vivíamos noutro mundo. Sem internet e o chamado jornalismo on-line, ainda existiam as decantadas "últimas notícias". Hoje é tudo instantâneo. Aconteceu, saiu. Não aconteceu, arrisca sair do mesmo jeito. Para quem se satisfaz com isso, não é mais necessário aguardar o jornal do dia seguinte (ou o último telejornal da noite) para se inteirar das coisas que rolaram horas e horas atrás.
Sem fugir da vaca fria: em 2006, número de sites ultrapassou a casa dos 100 milhões de endereços. Em 1995, início da WWW (World Wide Web), eram apenas 18 mil. E o número de ciberusuários no mundo já passou de 1 bilhão.
Não são poucos os que abominam e exorcizam a internet. Entretanto, psicólogos e advogados entrevistados pela revista Pesquisa, da Fapesp, pediram calma. Para eles, a mídia virtual "apenas exterioriza distúrbios do mundo real". A professora Rosa Maria Farah, do Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática (NPPI), da PUC-SP, disse que talvez a formulação mais adequada para a questão seja o motivo pelo qual algumas pessoas se valem da internet para revelar seu lado mais sombrio. E ressaltou que a rede, por si mesma e enquanto uma ferramenta, não é capaz de nenhuma "ação". Ou seja, não é ela quem revela, mas os sujeitos que, eventualmente, mostram-se por esse meio. "No espaço virtual são as pessoas que agem e se utilizam das ferramentas oferecidas pela rede, de acordo com a forma como são capazes: para expressar tanto seus aspectos luminosos quanto os mais sombrios".
Mas, na falta de legislação específica, virou uma espécie de terra de ninguém. Ou do vale-tudo.
Voltemos, porém, à beira da piscina e aos epônimos ao luar. Xi, fim de papo. Todo mundo se mandou, saiu de fininho. Nosso anfitrião é broca, ou blog.
Só restou ele, declamando Mario Faustino (isso sempre acontece depois da quinta dose da segunda série, ao recordar de "tanta gente que partiu num rabo de foguete", sem esquecer, é claro, "a turma da pesada" e Terra em Transe, de Glauber Rocha:
Não conseguiu firmar o nobre pacto/
Entre o cosmo sangrento e a alma pura
Gladiador defunto, mas intacto/
(Tanta violência, mas tanta ternura)
Francisco Camargo é jornalista.
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