Ao ler o título acima, Natureza Morta ficou espantado. Beronha não.
É "impactante", como dizem. E isso é o que importa...
De fato, respondeu Natureza, e principalmente num mundo que supera pela primeira vez a marca de 1 bilhão de pessoas com fome e ninguém fica minimamente "impactado"...
Mas, agindo como moderador de torneio de crochê, esclareci que se trata de uma busca e de um mistério particulares. Explico: quem matou Adélia? é o título do gibi número 1 de Aventuras do Anjo, da velha Editora Ebal, com roteiro de Alvaro Aguiar e desenhos magistrais do saudoso Flavio Colin, que, inclusive, trabalhou em Curitiba. As Aventuras eram transmitidas, inclusive, pela Rádio Nacional, então do Rio, com patrocínio de Glostora. Eram episódios curtos, apresentados em sequência como os seriados das sessões de cinema aos domingos, no melhor estilo "poeira".
Ocorre que é o único número que falta na minha coleção, que, aliás, já foi doada à biblioteca da mansão na Vila Piroquinha. Por mais que tenha passado anos e anos atrás do dito cujo gibi, nada. A coleção, portanto, começa com um exemplar do número 2, intitulado O Violinista do Pântano. Essa é a busca. Quanto ao mistério, ele permanece encerrado na própria interrogação do título. Quem matou Adélia?
Anjo e seus fiéis companheiros Jarbas, Faísca e Metralha (esse sempre carregando uma metralhadora que não era bem a Lurdinha, de Tenório Cavalcanti, mas uma metranca tipo Al Capone) certamente resolveram a questão. Menos eu, que continuo no aguardo.
A partir de "mistérios misteriosos", como diz Beronha, e coisas impactantes, Natureza lembrou de outras investigações, inclusive por parte da brava e indormida imprensa. Transpostas para o cinema, inclusive, como o caso Watergate (1972), que redundou (redundou é tanto impactante, não é?) na renúncia do presidente Richard Nixon. O caso teve desfecho graças à persistência dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post. Todos os Homens do Presidente (All the Presidents Men, 1976), dirigido por Alan J. Pakula, "ajudou" a avalanche de estudantes nos cursos de jornalismo. Era impactante e tinha virado moda, o jornalista super-herói. Para essa turma, talvez, melhor teria sido O Homem Errado (The Wrong Man, 1957), de Alfred Hitchcock, baseado também em história real. É o drama de um homem tranqüilo e bem casado (Henry Fonda) que, de repente, é preso, acusado de um assalto. Tudo desaba e o homem, já enfrentando júri popular, é inocentado por conta da detenção do verdadeiro culpado, preso ao tentar um novo assalto. Mas, e não menos impactante, é A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole, 1951), de Billy Wilder. Kirk Douglas é Charles Tatum, o jornalista do impactante ("se não tem notícia, eu vou pra rua e mordo um cachorro"). Resumo: para ficar famoso, prolonga a permanência até a morte de um homem preso em uma mina, com direito a total exclusividade do assunto, faturamento e parque de diversões no pé da montanha. Era a "penny press" a todo vapor. The End.
Ah, ao contrário do meu gibi, os filmes estão à disposição em boas locadoras de Curitiba.
Francisco Camargo é jornalista.
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