Conta Adil Calomeno que, na década de 60, uma vez por semana descia a Paranaguá para ministrar aulas de Física na Faculdade de Filosofia. Certa vez, embarcou no ônibus e se sentou num banco na janela. Do seu lado, aproximou-se uma senhorita muito elegante, que o cumprimentou e pediu licença para sentar. Voltando-se para um cavalheiro que já estava sentado no banco do outro lado do corredor, ela disse: "Boa tarde Teodoro, há quanto tempo!"
Ele, voltando-se para ela: "A senhorita está falando comigo?" E ela respondeu "Estou sim, Teodoro". "Eu não me chamo Teodoro..."
Ela pôs as duas mãos no rosto e sentou-se rapidamente, dizendo: "Santo Deus, que vergonha! Mas eu não me conformo, você é o Teodoro. Está brincando comigo?" "Moça, eu não me chamo Teodoro."
Ela ficou desapontada e comentou com seus vizinhos de assento: "Não é possível que haja uma pessoa tão parecida com o Teodoro, até a pinta preta na face ele tem..." Até Morretes ela conversou com seus vizinhos de assento, em voz baixa, contando suas peripécias do tempo de criança e repetindo sempre: "Ele é o Teodoro".
Em Morretes, o ônibus estacionou em frente da lanchonete onde todos desembarcaram. O homem acompanhou a moça, dizendo: "Senhorita, eu não me chamo Teodoro, mas quero lhe contar uma coisa. Quando eu nasci, meus pais estavam separados e minha mãe me batizou com o nome de Teodoro. Aos 10 anos fui morar com meu pai, em Curitiba, que me registrou no cartório com o nome de Paulo..." Ela explodiu em gargalhadas. "Teodoro safado, tentou me enganar!" O resto da viagem até Paranaguá foi divertida, com muitas gargalhadas.