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Já ouviu falar na Tábua das Preocupações? Em 1934, um pastor americano publicou um livrinho pequeno, mas pretensioso, a começar pelo título: Você Pode Controlar a Vida. Na verdade, o título fazia uma espécie de psicologia reversa. O que o pastor queria dizer é que o ser humano consome muito tempo e energia tentando controlar fatos incontroláveis ou que jamais acontecerão. Como bom crente, ele sugeriu uma alternativa: deixe tudo que você não pode controlar nas mãos de Deus. Feito isso, restará energia para se concentrar em coisas realmente importantes.

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O pastor James Gordon Gilkey recheou seu livrinho com a Tábua das Preocupações, que cita sem nomear o autor porque provavelmente nem ele sabia quem era. Há quem acredite que a Tábua é uma brincadeira de Mark Twain, que era um humorista afiado. Ao longo dos anos, acabou se espalhando a ideia de que Gilkey era o autor da Tábua, apropriação indébita que ele nunca fez.

Trata-se de um registro dos temas que tiram o sono das pessoas e a frequência com que ocorrem. Diz o seguinte:

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"Preocupações com coisas que acabaram nunca acontecendo: 40%.

Preocupações sobre o passado, sobre decisões que não podem ser alteradas: 30%.

Preocupações sobre doenças que nunca aconteceram: 12%.

Preocupações sobre filhos e amigos (que são capazes de cuidar de si próprios): 10%.

Preocupações com problemas reais: 8%."

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Fosse ou não uma piada de Mark Twain, o pastor Gilkey considerou o levantamento muito sensato e concluiu que 92% das preocupações são sobre acontecimentos que estão totalmente fora de nosso controle. Ele escreveu: "Qual é o primeiro passo para um homem vencer a ansiedade? É limitar as preocupações aos perigos do grupo cinco. Este ato simples vai eliminar 92% de seus medos. Ou, para enfocar o assunto de um ângulo diferente, isso o deixará livre de preocupações 92% de seu tempo".

Vamos abrir parênteses aqui. Coisas ruins acontecem mesmo. Desgraças. Tragédias. Azares. Cânceres. Intempéries. Situações ruins acontecem para pessoas boas. Ponto final. Dito isso, temos de concordar com o pastor Gilkey em um aspecto: ocupar-se previamente da possibilidade de o pior acontecer é, na maioria das vezes, inútil. Por isso é que alguém até se deu ao trabalho de fazer uma tábua de preocupações; outro, de escrever um livro inteiro sobre isso; e um terceiro, de desenhar sofisticados esquemas gráficos e fazer listinhas.

O artista americano Andrew Kwo é um especialista em traduzir em gráficos coloridos elementos da vida humana. Em 2010, o jornal The New York Times publicou a Roda de Preocupações de Kwo. A roda tem três camadas, sendo que a interna registra "temas de preocupação que me acompanham até na hora de dormir": solidão, morte, dinheiro, percevejos (havia uma infestação perigosa nos Estados Unidos) e o time de basquete New York Knicks. Disso tudo, o que Kwo consegue realmente controlar? Acho que nem os percevejos.

Na turma das listinhas está o escritor F. Scott Fitzgerald, que anotou a sua em uma carta para a filha Scottie, em 1933. Fitzgerald recomenda à menina que se preocupe com quatro itens: coragem, limpeza, eficiência e o treinamento dos cavalos. A lista parece estranha? Vai fazer mais sentido quando você ler a outra, a lista das coisas que não mereciam a preocupação de Scottie, segundo seu pai famoso: "A opinião dos outros, bonecas, o passado, o futuro, crescer, ser ultrapassado por outra pessoa, triunfo, a derrota (a não ser que ela ocorra por uma falha sua), mosquitos e pernilongos, insetos em geral, seus pais, meninos, desapontamentos, prazeres, satisfações".

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