O volume de automóveis e motos que entram mensalmente em circulação nas ruas de Curitiba já está estagnando o tráfego, principalmente no centro da cidade. Acidentes acontecem a todo o momento, sobretudo entre carros e motocicletas, sempre em desvantagem para os motoqueiros. Diariamente dezenas de pessoas, notadamente jovens que completam 18 anos, prestam exames no Detran para conduzir veículos automotores.
Agora mesmo, aqui na Coluna do Leitor da Gazeta do Povo, muitos dos que foram reprovados nos exames de condução fazem suas reclamações. Normalmente as queixas se prendem ao fator nervosismo perante o examinador, isso diretamente ligado à ânsia de possuírem a carteira de motorista. Quem fica nervoso ao volante, a ponto de não cumprir os ensinamentos ministrados pelas autoescolas, realmente não está apto a manobrar um automóvel pelas ruas e estradas. Calma no trânsito, esse é o pedido mais veemente das autoridades. Saber dirigir não é difícil; agora ser capaz de conduzir um veículo dentro das normas exigidas pela lei requer, sobretudo, prudência.
Outra queixa vai bater de frente com a educação do examinador. Uma leitora qualifica um deles, o que avaliou a sua habilidade, de grosso. Os avaliadores do Detran são aptos psicologicamente para a função. Quem não executar a missão como manda o figurino tenho a certeza de que será afastado do posto. Pela minha longa vivência como jornalista, cuja carteira de motorista foi concedida no ano de 1956, conheci muitas diretorias, desde o antigo DST até o presente Departamento de Trânsito, e sei que um dos atrevimentos que os examinadores por vezes enfrentam é a tentativa de suborno para relaxarem sobre a inaptidão do examinado. Não são poucas as histórias que os funcionários têm para contar. Hoje, quando alguém tenta comprar o examinador é levado perante a chefia o caráter do pretendente não possibilita a posse da habilitação. No passado vinham as chacotas em cima dos motoristas barbeiros: Tirou a carteira por telefone? Quanto pagou por ela? Ganhou do Papai Noel?
O título da Nostalgia de hoje se refere a chauffeur, maneira pela qual eram conhecidos os primeiros cidadãos que tiravam a carta que permitia dirigir veículos automotores. Quem organizou esse serviço de habilitação em Curitiba foi o prefeito Cândido de Abreu, isso em 1913. Todos os impostos eram recolhidos pela prefeitura e a taxa cobrada por uma carta era de 10 mil réis, nada barato para a época. O controle do tráfego era exercido pela Guarda Civil. Os automóveis tinham espaços destinados para estacionar e a velocidade não podia exceder a dez quilômetros por hora nas vias públicas. Quando ocorria algum acidente, esse era comentado pela cidade inteira e cercanias, durante longo tempo.
Vamos viajar ao passado para rever imagens do movimento dos automóveis na velha e pacata Curitiba, que não tem retorno.