O dia de hoje tem um significado especial: Dia das Mães. A minha já partiu deste mundo há muitos anos, assim como a mãe de meus filhos já se foi. Portanto, para mim nada mais resta que uma visita nostálgica aos seus jazigos no Cemitério Municipal. Em compensação, em reverência às que estão vivas, as famílias se reunirão para louvá-las em festas, que geralmente ocorrem em torno de um almoço. Isto sucede em contentamento especial aos restaurantes de Santa Felicidade.
Acontece, entretanto, que hoje também é um dia especial para a história da humanidade. Está fazendo exatamente 66 anos que terminou a Segunda Guerra Mundial, quando Berlim caiu nas mãos das tropas aliadas, mais precisamente tomada pelo Exército russo.
Naquela ocasião, era meu tempo de piá, contava com pouco mais de 9 anos de idade. No entanto, desde os 4, o único assunto que escutei com destaque era sobre a guerra, isso com muita ênfase na sapataria do meu pai. Aprendi a ler e, obviamente, as leituras prediletas estavam nos gibis, cujos super-heróis destruíam soldados alemães e japoneses na base da porrada. Hitler, Hiroito e Mussolini eram os facínoras mais temidos do mundo, e para a criançada eles substituíam os decadentes bicho-papão e o velho do saco.
As imagens da guerra em fotografias e filmes eram assustadoras, apesar de estarem em lugar comum nos cinemas e nas publicações. Berlim destruída mostrava o caos que se abateu sobre a Alemanha de Hitler, o que nos dava a satisfação de, sei lá por quê, ruminarmos um "Aprendeu, papudo!"
Hoje, com um neto universitário estudando em Berlim, não consigo acreditar que aquela cidade que eu vi, em imagens, completamente arrasada, seja hoje uma das mais belas cidades do mundo com sua paisagem rasa e extensa, livre dos arranha-céus que nos tolhem a visão do horizonte. Tenho a impressão de que os alemães jamais perderam a guerra.
Lembro do dia 8 de maio de 1945. Estão em minhas retinas as imagens dos automóveis passando em velocidade e ao som de suas buzinas. As fábricas soavam seus apitos, as sirenes que foram usadas para anunciar os exercícios de blackouts agora gemiam festivas. "Acabou a guerra!" Exclamação mais ouvida em Curitiba, e no resto do mundo, naquele dia.
Hoje é um dia muito especial para lembrar aquelas que nos puseram neste mundo e também para lembrar os 28 paranaenses que tombaram na Itália. Entre eles o primeiro brasileiro a morrer em combate, o soldado Constantino Marocchi, de Campo Largo, e, principalmente, o maior herói da Força Expedicionária Brasileira, o sargento Max Wolf Filho, natural da cidade de Rio Negro. Hoje poucos expedicionários ainda restam, entretanto suas histórias devem ficar gravadas para sempre como exemplo de patriotismo às gerações vindouras.