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No coração da cidade – a Praça Tiradentes –, passageiros esperam tomar sua condução na então existente estação de bondes. A foto é de 1948 | Acervo Cid Destefani
No coração da cidade – a Praça Tiradentes –, passageiros esperam tomar sua condução na então existente estação de bondes. A foto é de 1948| Foto: Acervo Cid Destefani
  • Em 1934, alunos da Escola de Artífices – embrião do atual Cefet – desfilam pela Rua Pedro Ivo, na confluência da Praça Carlos Gomes com a Rua Marechal Floriano
  • Hoje em dia, o local está irreconhecível. Em primeiro plano, vemos um pé de abóboras justamente na esquina da Rua Sete de Setembro com a Carneiro Lobo. No alto, temos a casa onde morou o pintor Guido Viaro; hoje é loja de uma confeitaria. Foto de 1949
  • Imagem bucólica da Rua Marechal Floriano esquina com a Rua Iguaçu, em direção ao centro da cidade. Foto de 1947
  • Em 1970, esse era o aspecto da Rua Comendador Araújo esquina com a Presidente Taunay. Entre as mudanças ocorridas está a inversão da mão do tráfego de veículos

Meu pai sempre dizia: "Quem não tem o que fazer, que não venha fazer aqui!" Era assim que se livrava de mim quando eu ia fuçar nas suas ferramentas da sapataria ou nos petrechos do material de pescaria. Em seguida me arrumava um serviço – como ir virar terra nos canteiros do quintal, ou então rachar lenha. No tempo de frutas – como pêssegos, maçãs, peras, uvas e outras – me botava à frente de um tacho de cobre, comprado de um cigano, para ficar mexendo com uma pá de madeira na mistura que fervia durante horas, até se tornar em um doce a se apreciar durante o ano.

Muita lenha parti e muita terra virei. Muitas goiabadas, marmeladas e pessegadas, além de outros doces, apurei. Do enorme tacho de cobre lembro bem. Antes de ser usado tinha de ser limpo do zinabre acumulado. Sal, limão e muque para esfregar até o cobre ficar reluzente. Muita lenha no suporte improvisado. Água, vários quilos de açúcar e as frutas limpas e em pedaços, que durante horas de fogo se transformavam numa pasta que não podia parar de ser mexida.

Após algumas horas de fogo, a pasta entrava em ebulição. Era a hora de apurar o doce, aí a força do piá já não adiantaria, o velho Lulo entrava em cena e ficava mais um bom tempo remando com a pá, até a massa engrossar e estar no ponto de ser transferida para as caxetas de madeira forradas com papel celofane, onde esfriava e seria conservada para ser consumida durante o ano, quando seriam preparadas outras tachadas de marmeladas. Hoje, tudo isso não passa de uma doce lembrança.

O leitor pode até está estranhando o que tem a ver o texto acima com esta página. Muito simples, ele vai fazer parte de um livro que está sendo preparado sobre o bairro do Batel do meu tempo, quando ainda as casas possuíam vastos quintais onde se produzia de tudo para consumo próprio. Tais assuntos serão inseridos no livro, para que a memória não se perca no limbo da história.

Como a Nostalgia aqui da Gazeta do Povo se assenta nas fotografias antigas, tão ao gosto dos nossos afeiçoados leitores, vamos fazer a nossa viagem dominical através de imagens que revelam os tempos idos da Velha Curitiba. Para tanto, estamos mostrando cinco aspectos da cidade em décadas do meio século passado. Bom domingo e feliz Dia das Mães!

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